Rabino Israel Meir Lau participa do ato virtual de Yom HaShoá do Fundo Comunitário

Celso Zilbovicius – Especial para a TJ

O Fundo Comunitário, organizador do Projeto Marcha da Vida, realizou um tocante ato virtual em homenagem às vítimas da Shoá, um dos maiores crimes já cometidos pelo ser humano em toda a história contra um único povo, durante a Segunda Guerra Mundial.

A emoção da homenagem foi ainda maior, pois este ano a cerimônia contou com a participação especial do Rabino Israel Meir Lau, Rabino-Chefe de Tel Aviv e presidente do Conselho do Yad Vashem que, de forma carismática, respondeu a perguntas exclusivas elaboradas por membros da comunidade judaica de São Paulo.

“Lulek”, como era seu apelido na infância, perdeu toda sua família próxima na Shoá e foi libertado com oito anos de idade do campo de concentração de Buchenwald e, desde então, junto com grandes nomes como Elie Wiesel e Primo Levi, tornou-se símbolo do testemunho da Shoá e da necessidade de transmitir às novas gerações o legado da história da mesma, participando anualmente das Marchas da Vida em Auschwitz, desde a criação do projeto, em 1988, trazendo sempre uma mensagem especial a todos, principalmente aos jovens.

Desta vez não foi diferente. O Rabino Lau, atualmente com 83 anos, mostrou-se consciente dos desafios que o povo judeu tem em transmitir o legado da memória da Shoá às gerações futuras do povo bem como para toda a humanidade. Segundo o Rav Lau, o mundo ainda não aprendeu as lições que a Shoá ensinou ao ser humano e por isso o mundo ainda está carregado de violência, de preconceitos, incluindo manifestações antissemitas mundiais.

O mundo silenciava

Com uma fala cativante, Rav Lau lembrou que, enquanto a Alemanha de Hitler, em 1938, já destruía sinagogas e assassinava judeus, num prenúncio do que viria a ser o holocausto, o mundo silenciava e, de forma incrédula, assistia aos acontecimentos de forma passiva afirmando que o “mundo não permitiria a tragédia”. Mas “o mundo permitiu”, afirmou de forma categórica o rabino. O legado da memória é estar alerta de forma permanente e levar a sério cada ameaça que surge no mundo contemporâneo, pois falas podem levar a tragédias.

Em seu emocionante relato de experiência pessoal, “Lulek” descreveu o momento mais trágico e difícil de toda a sua história, quando ele e seu irmão tiveram que se separar de sua mãe que havia literalmente o atirado ao grupo dos homens, numa seleção para transporte de judeus e assim garantindo sua sobrevivência, o que não ocorreu com sua mãe, levada ao campo de extermínio. A última recordação que Rav Lau tem de sua mãe foi a imagem dela acenando aos filhos, já no vagão do trem.

O amor de Rav Lau ao Estado de Israel, onde chegou com seu irmão Naftali logo após o término da guerra e ali reconstruiu sua vida, transformando-se não só num grande líder religioso, mas em um ativista permanente da memória da Shoá, esteve muito presente ao longo de sua entrevista. Ele estimulou os jovens a conhecer o Estado Judeu, experiência que, segundo ele, fortalece a ligação de cada um com o país, apaixonando-se e experimentando a vida nele, conhecendo a questão da aliá e absorção de imigrantes e seu desenvolvimento tecnológico.

O rabino também reforçou a necessidade do povo judeu de construir permanentemente seu Estado. Para Rav Lau, “todo judeu, mesmo morando longe, deve saber que tem uma casa” e reafirmou que a promessa milenar “Le Shaná Habá BeYerushalaim (“No próximo ano em Jerusalém”) torne-se uma realidade a todos.

Para o Fundo Comunitário, foi uma grande honra contar com a presença do Rabino Israel Meir Lau que, em suas falas, conseguiu tocar o coração de todos que o ouviram.

A cerimônia de Yom Hashoá foi encerrada, após o tocante depoimento do Rav Lau, com a prece de Yizkor em homenagem às vítimas do holocausto, cantada pelo chazan Avi Bursztein e com um toque do Shofar, realizado por Dov Smaletz.

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