Em tempos de pandemia, Centro Novo Horizonte se reinventa com muita criatividade

Desiree Suslick – Especial para a TJ

Menos de um mês após a explosão de fogos de artifícios que marcavam a chegada de 2020, o mundo começou a parar, assustado. O novo coronavirus, que gerou a doença Covid-19, tomava conta das manchetes mundiais. Índice de contágio, número de mortes, lockdown, distanciamento social, máscaras, álcool em gel, higiene das mãos passaram a fazer parte das conversas diárias. Uma nova realidade se impôs através das imagens das ruas vazias nas principais capitais do mundo, de depoimentos de médicos e especialistas ainda surpresos com os acontecimentos e o slogan “Fique em Casa” ganhou as manchetes.

Reinventar-se é a palavra chave em momentos de crises. O Centro Judaico Novo Horizonte, sob a coordenação do Rabino Noach Gansburg, fez desta premissa sua missão ao longo de 2020, implementando 12 projetos para atender as demandas decorrentes do momento atual criado pela Covid-19. Fundada há 17 anos, a instituição tem como objetivo dar a oportunidade a todas as crianças judias de conhecer e vivenciar o judaísmo de maneira prazerosa, independentemente de sua proximidade com a religião, origem e condição social.

Por meio de programas educacionais, culturais e sociais as crianças e jovens de 1 a 25 anos e até a terceira idade, promove a transmissão dos valores judaicos. “Acender e manter a chama judaica no coração de cada criança, e fazer dela a garantia viva da continuidade do nosso povo. Essa é nossa grande missão”, explica o Rabino, fundador e diretor geral do Centro. Nesta jornada, ele ressalta o apoio e dedicação contínua de sua esposa, Morá Pessy, essencial na análise dos detalhes de cada iniciativa.

Sopa do Coração

Um dos primeiros projetos desenvolvidos no início da pandemia foi a entrega da Sopa do Coração para idosos que vivem sozinhos, obrigados ao confinamento e ao afastamento dos seus familiares. “Um gesto de carinho para lembrá-las que não estão sozinhas”, diz o Rabino.

A sopa do coração foi o primeiro projeto voltado para idosos realizada às vésperas de Pessach, a primeira das festas judaicas de 2020 que não poderia ser comemorada pelas famílias reunidas para o Sêder, como manda a tradição. Ele queria fazer algo diferente, que tivesse, porém, uma conexão com o jantar festivo. “A opção foi entregar a sopa (youch com dois kneidalach, com nosso famoso macarrãozinho, sobremesa, velas de shabat, um livreto com uma história e uma linda mensagem) chegamos a entregar posteriormente, durante meses, mais de 400 sopas por semana’’.

A resposta a tais iniciativas pode ser constatada no número de vídeos enviados pelas pessoas beneficiadas, seja agradecendo, ressaltando o significado que teve para elas receber algo, “afinal, é como se dissessem, alguém lembrou de mim”.

Com a chegada do inverno no ano passado e o aumento da demanda da sociedade civil foi criado o projeto “Valorizando o Ser Humano” para distribuição de marmitas para população de rua. Duas vezes por semana, com a participação de voluntários, inclusive adolescentes, eram distribuídas mais de 700 marmitas no centro de São Paulo. Simultaneamente foi realizada uma campanha de arrecadação de agasalhos e cobertores – foram entregues 3.500 mil cobertores e toneladas de roupas a carentes.

Criatividade em ação

A pandemia atingiu fortemente as atividades voltadas a jovens e adolescentes, principalmente as colônias de férias e as viagens internacionais a centros ligados ao judaísmo. “Se não podemos levar as crianças para as colônias, então vamos levar a colônia até elas, foi o que pensamos Assim nasceu o Camp in the box, um projeto inédito que incluiu dois kits – um de arte e outro de culinária –, com materiais e vídeos com instruções para cada atividade. “Foi um sucesso, enviamos para todos os pontos do Brasil”.

Dentro do conceito “In the Box “ e “In the bag”, para diferentes faixas etárias, foram realizados os projetos: “Chalá in the box” com mais de mil caixas distribuídas e entregues em casa, “Suká in the bag”, “Hanuká in the bag”, “Sinagoga in the box”, “Culinária in the box”, “Camp in the box” (em caixa de madeira), “Seder in the box”, “Chalá in the bag” (chalá de chave) – foram feitos aproximadamente 1000kgs –, “Meguilá in the bag” e “Shavuot in the bag” – com mais de 2.500 kits com brinquedos educativos, brindes e um livreto com alefbet.

Todas essas campanhas, com números expressivos, foram possíveis graças à colaboração de todos aqueles que se empenharam para que a comunidade continuasse conectada ao judaísmo. Nas campanhas como a do “Seder in the box”, foram enviadas para toda São Paulo e outros estados 300 caixas (1200 refeições).

O “Purim in the bag” distribuiu aproximadamente 4000 meguilot e o “Camp in the bag”, com quatro semanas, distribuiu para a capital e todo Brasil aproximadamente 120 caixas por dia, com intuito de levar a vivência judaica para dentro dos lares de uma forma divertida.

“A pandemia pegou o mundo de surpresa. Exigiu respostas inovadoras para uma situação até então inimaginável, mas mostrou, também, que somos capazes de encontrar o caminho para chegar às pessoas, ajudando-as a enfrentar este momento tão diferente. Dar-lhes a sensação de acolhimento, de que não estão sozinhas, levando nossos valores e nossas tradições até elas. O Centro Novo Horizonte continua com força total desenvolvendo seu trabalho e cumprindo sua missão”, finalizou o Rabino Noach.

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