NEGATIVO

Não se deve comparar o momento atual do Brasil com o Holocausto

Durante a invasão de milhares de manifestantes ao Palácio do Planalto, à sede do Supremo Tribunal Federal e ao Congresso Nacional, novamente o nazismo e o Holocausto foram banalizados.

Por um lado, quem condenou o ato, chegou exageradamente a chamar os criminosos de nazistas. Do outro lado, comparou-se, de forma ainda mais absurda, a prisão desses manifestantes pela Polícia Federal com os encarceramentos de judeus e outras minorias em Campos de Concentração durante a Segunda Guerra Mundial.
A Confederação Israelita do Brasil (Conib) repudia comparações completamente indevidas do momento atual com os trágicos episódios do nazismo que culminaram no extermínio de 6 milhões de judeus no Holocausto. Essas comparações, muitas vezes com fins políticos, são um desrespeito à memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes.

A Conib inclusive criou uma campanha contra a banalização do Holocausto, para que possamos entender melhor as verdadeiras dimensões dos fatos e assim contribuir para um melhor entendimento do presente.

E nós fazemos coro a essa campanha: Não compare o incomparável. Não banalize o Holocausto!

Kanye West, Netflix e uma escola no Brasil são focos de antissemitismo

Artistas, escolas e empresas que produzem conteúdo cultural deveriam, em tese, ser foco de disseminação de tolerância e não da defesa regimes autoritários e falsas narrativas, que pregam o ódio. No entanto, não é isso o que acontece.

Um exemplo é o rapper Kanye West, que é pré-candidato à presidência dos Estados Unidos, e que colocou no Twitter uma suástica envolvida pela Estrela de David. Sua conta na rede social foi temporariamente banida.

Ao mesmo tempo, a Netflix, uma das mais importantes produtoras de conteúdo do mundo, colocou em seu catálogo a série “Farha”, centrada no que os muçulmanos chamam de Nakba (catástrofe), o período da guerra de independência de Israel. Fahra foi descrito por autoridades israelenses como “uma narrativa falsa”. Após pressão dos israelenses, a série foi retirada do catálogo.

Já no Brasil, um aluno judeu do Colégio Cruzeiro do Sul teve uma suástica desenhada em sua carteira. O Colégio emitiu uma nota repudiando o ocorrido e falando sobre suas ações de conscientização dos alunos.

Temos que ficar de olho a tudo ao que os jovens estão sendo expostos, sendo na música, nas séries ou nas escolas, para que as novas gerações cresçam com uma consciência de tolerância e solidariedade, e contra qualquer tipo de discriminação.

Enxurrada de manifestações nazistas preocupam o Ishuv no Brasil e no mundo

Durante as manifestações após as eleições presidenciais brasileiras, um grupo de pessoas fez o gesto de saudação nazista durante ato em São Miguel do Oeste (SC). A Conib rapidamente repudiou o ocorrido.

Dias depois, alunos do colégio Porto Seguro de Valinhos, no interior de São Paulo, foram expulsos depois de compartilharem mensagens de cunho racista, homofóbico, nazista e gordofóbico em um grupo de Whatsapp. Na plataforma, eles enviavam figurinhas elogiando o ditador nazista Adolf Hitler. A Fisesp também prontamente emitiu nota repudiando o fato.

Poucos dias depois, diversos objetos alusivos ao nazismo foram encontrados em um estúdio de tatuagem em Ceilândia, no Distrito Federal. E em Salvador, uma moradora de um condomínio de luxo foi intimada pelo seu vizinho, o juiz Luciano Berenstein, por antissemitismo, após sugerir ele e seu irmão deviam morrer rapidamente sem respirar, numa alusão às câmaras de gás. Esses acontecimentos, ocorridos em um curto espaço de tempo, levantaram o alerta da comunidade brasileira.

E o receio é ainda maior quando olhamos para o resto do mundo. Destacamos dois exemplos: na Itália, foi empossado o subsecretário da Infraestrutura, que já foi fotografado, em 2005, usando uma suástica no braço. E na Universidade da Califórnia, nove grupos de estudantes de direito alteraram os estatutos para garantir que nunca convidarão palestrantes que apoiem Israel ou o sionismo.

No Brasil e no mundo, parece que nada foi aprendido com a maior barbárie da humanidade nos tempos modernos, o Holocausto. Que estejamos atentos para que o pior não aconteça.

Saudação nazista não deve ocorrer jamais, muito menos em sala de aula

Como ressaltamos no Positivo dessa edição, a educação é uma ferramenta importante para mudar a vida das pessoas. E os professores, claro, são a peça-chave nessa engrenagem, para formar jovens conscientes e capacitados.

Por isso, quando um professor resolve fazer uma saudação nazista no meio de uma sala de aula, a inversão de valores é gravíssima e deve ser repudiada de imediato.

Foi o que ocorreu no Colégio Sagrada Família, em Ponta Grossa, no Paraná. Divulgado pela Revista Fórum, um vídeo mostra a professora levando a mão à testa e, em seguida, estendendo o braço — mesmo gesto adotado para saudar Adolf Hitler durante o Terceiro Reich.

Procurada pelo jornal Folha de S.Paulo, a escola afirmou que decidiu demitir a docente, identificada como Josete Biral. A Confederação Israelita do Brasil (Conib) e a Federação Israelita do Paraná divulgaram nota manifestando repúdio ao ocorrido. “Espera-se uma rigorosa apuração dos fatos e punição exemplar à referida profissional”, diz a nota.

E que essa punição exemplar iniba outros de fazerem o mesmo, para que não contaminem com intolerância as escolas, espaço que deve ser dedicado ao estímulo da convivência e à transmissão de conhecimento.

Na Folha, Ctrl-C e Ctrl-V: como não seguir o manual do bom jornalismo

Há muitas pessoas na comunidade que rotulam a Folha de S.Paulo de ser antissemita. Nós não concordamos com isso. Por dar voz a diferentes correntes ideológicas, por vezes acaba desagradando quem discorda de algumas dessas posições. Muitos jornalistas da comunidade já passaram e estão na redação do jornal.

Mas, em episódio recente, a Folha deu razão a esses críticos. Em uma matéria que falava sobre empresários que estariam armando um suposto golpe em um grupo de Whatsapp, Meyer Joseph Nigri, dono da construtora Tecnisa, foi o único que teve sua religião citada. Na descrição de seu perfil, aparecia: “Tem papel atuante na comunidade judaica”. E depois citava todas as organizações do Ishuv em que ele atua. Isso não ocorreu com os demais empresários. Questionada sobre por que a religião de Nigri teve destaque, o ombudsman da Folha respondeu apenas que aquela descrição está de acordo com a apresentação que o empresário faz de si mesmo. Definitivamente, o repórter não deve copiar o currículo da pessoa e sim seguir o manual do bom jornalismo, que não é a Wikipedia.

A questão é que, em nenhuma matéria em que há uma denúncia, é destacada a religião dos denunciados – a não ser que ela seja relevante para o caso, o que não aconteceu nesta reportagem.

Esse tipo de atitude só dá mais munição para quem quer descreditar a grande imprensa em geral, e a Folha em particular, e reforçar o seu rótulo de antissemita, que acreditamos não condizer com a história do jornal.

Enquanto as Macabíadas dão show, Copa do Mundo é manchada por antissemitismo

As grandes competições esportivas costumam ser uma celebração entre os povos, onde ficam de lado diferenças políticas, étnicas e religiosas. As Macabíadas Mundiais, que ocupam as páginas centrais dessa edição, são um exemplo disso. Em um grande evento, uniu judeus de toda parte do mundo, com suas diferenças, em uma belíssima festa.

Na história das Copas do Mundo essa celebração também é presente. Quem não se lembra da histórica foto dos jogadores da seleção norte-americana abraçados com os da equipe iraniana, na Copa de 1998, enquanto os dois países viviam o auge da tensão diplomática.

Por isso, é revoltante o que apareceu no formulário do site da FIFA, quando um cidadão israelense tentava preencher o nome do país de origem para adquirir um ingresso para o torneio, que será realizado no Catar. Não aparecia o nome de Israel, mas “Território Palestino Ocupado”.

Vale lembrar que Israel é membro da FIFA desde 1928, já tendo participado de uma Copa do Mundo, em 1970.

Em um ano que os judeus celebram as maiores Macabíadas de sua história, é vergonhoso que, pela primeira vez, a Copa do Mundo tenha essa mancha antissemita na sua organização.

Maus ventos de antissemitismo sopram do Leste Europeu

Recentemente, mais um grupo de jovens brasileiros viajou para Polônia e Israel, no Projeto Marcha da Vida, realizado com maestria pelo Fundo Comunitário, que tem o objetivo de conscientizar as novas gerações sobre os horrores do Holocausto.

No entanto, as autoridades locais parecem incomodadas com a visita de judeus do mundo inteiro com esse fim. Recentemente, o governo polonês quer instituir regras formais para regular os termos destas visitações.

Não muito longe dali, a Rússia, que segue com sua invasão à Ucrânia, também parece descontente com o trabalho de resgate de refugiados pela Agência Judaica. Uma carta foi enviada recentemente aos escritórios da Agência Judaica em Moscou pelas autoridades russas, onde foram levantados problemas revelados pela fiscalização, bem como suas possíveis consequências jurídicas.

A carta convida a Agência Judaica a responder por escrito a qualquer desacordo sobre as questões levantadas. A entidade pretende estudar as questões em profundidade, bem como suas implicações, e abordá-las adequadamente no âmbito dos contatos contínuos com as autoridades russas.

Esses são movimentos sutis, em meio a uma região que vive um momento turbulento. Sabemos que em situações como essa, é comum usarem os judeus como bodes expiatórios. Vamos ficar atentos às próximas movimentações.

Universidade insinua que Israel pode influenciar eleições brasileiras

Teorias da conspiração sempre deram base às perseguições antissemitas. Desde os Protocolos dos Sábios de Sião, publicado no século 19, os judeus eram acusados de serem donos de grandes riquezas e manipularem os governantes. Como um dos livros antissemitas mais conhecidos no mundo, trazia uma das teorias conspiratórias mais influentes da história, apresentando supostas atas de uma reunião secreta de obscuras lideranças judaicas tramando para dominar o planeta.

O que nos choca é que, em pleno século 21, essas teorias seguem se espalhando, por aqui mesmo no Brasil. O Instituto Humanitas (IHU), da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), do Rio Grande do Sul, havia publicado em seu site o texto intitulado: “A espionagem sionista e o risco de sabotagem nas eleições brasileiras”.

De autoria do professor Bruno Lima Rocha Beaklini, o artigo aventava a possibilidade (irreal, claro) de Israel interferir nas eleições brasileiras do próximo mês de outubro.

A StandWithUs Brasil, na qualidade de organização que educa sobre Israel, mitigando o antissemitismo e o antissionismo, enviou uma carta aberta à Reitoria da Unisinos, expressando a preocupação desse posicionamento. “As inverdades do texto não condizem com a excelência acadêmica da Unisinos”, realçou o documento.

Nazismo não é brincadeira, nem nas redes sociais

Muitos dos preconceitos da nossa sociedade são expostos em formas de brincadeira. É comum alguém fazer uma piada ou provocação e depois falar que não tinha a intenção de ofender, que se tratava apenas de uma chacota. Nas redes sociais, onde muitas vezes somos protegidos pela distância e o anonimato, essa prática é ainda mais comum.

Bruno Xavier, do Paraná, foi um desses que resolveu brincar com coisa séria. Ele, que ostenta um documento, que é uma espécie de passaporte do III Reich, que lhe dá um “título nazista”, foi acusado de enviar áudios idolatrando o regime que exterminou seis milhões de judeus e outras milhões de pessoas na Segunda Guerra Mundial.

Seu discurso nazista virou até ameaça de morte, quando se dirigiu a um idoso: “Vou te colocar na câmara de gás, seu velho judeu, imundo”. Para agravar a situação, ele é filho de desembargador do TJPR, o que, em tese, deveria ter lhe dado mais senso de justiça. Após uma busca da Polícia Federal – afinal, apologia ao nazismo é crime –, ele gravou um vídeo dizendo que assumiu o erro e que tudo não passava de uma “brincadeira de mau gosto”, uma “zoação”.

Não se pode brincar com coisa séria. Como já reportamos aqui, ataques nazistas têm aumentado exponencialmente no país, e esse tipo atitude só ajuda a validar essa violência. Por isso, temos que cobrar sempre as autoridades, para que atos assim não passem sem punição.

30 anos do atentado à Embaixada de Israel na Argentina, sem punição

Em 17 de março de 1992, um fato chocou os judeus no mundo, principalmente as comunidades da América do Sul. Um atentado terrorista destruiu a Embaixada de Israel em Buenos Aires, matando 29 e ferindo mais de 240 pessoas. Suspeita-se que agentes do Irã sejam os culpados, mas até hoje, depois de 30 anos, ninguém foi punido.

Para que esse crime não caia no esquecimento, o Congresso Judaico Latino-Americano (CJL) realizou um ato em memória das vítimas e pedindo por justiça na capital Argentina. No dia do aniversário do atentado, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, o Chefe de Gabinete da Nação Argentina, Juan Manzur e o deputado Leandro Santoro receberam na Casa Rosada os presidentes das comunidades judaicas da América Latina.

“Pedimos às autoridades competentes que mantenham os alertas vermelhos que atualmente se aplicam aos iranianos acusados do ataque da AMIA, fazendo com que a justiça continue sendo uma prioridade para a integridade da sociedade argentina, para a segurança das comunidades judaicas da região e para a memória das vítimas”, disse Jack Terpins, presidente do CJL. A busca por justiça tem que ser incansável e envolver todos aqueles que acreditam em um mundo de paz.

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