Lottenberg: o Ishuv e o próximo governo

Joel Rechtman - Editor Executivo da TJ

Tribuna Judaica: Nossa comunidade como outras, sofreu com a polarização. Com o resultado das urnas, quais são as perspectivas?
Claudio Lottenberg: Primeiro ponto a ser entendido como perspectiva positiva é que uma vez encerrado o período eleitoral, teoricamente a sociedade deve buscar um espírito de união e os eleitos trabalharem por todos e não só por aqueles que os apoiaram. Caso isto seja uma realidade, a perspectiva é muito animadora. Comunidades, legitimamente, tem pleitos e as políticas públicas são feitas por interações entre a sociedade civil e as estruturas de governo e, portanto, esperamos que o governo eleito construa pontes para que esse diálogo se faça de forma permanente aprimorando e construindo um futuro de harmonia e inclusão.

TJ: O governo de transição conta com um percentual importante de membros da comunidade. Como o Ishuv e seus dirigentes poderão ajudar o Brasil neste momento?
CL: Compreendo que essa participação é em favor do Brasil e não em favor de um partido ou de um sentimento político. O país tem um governo eleito e desde a redemocratização este processo tem acontecido de forma madura. Foi assim entre todos os governos e está previsto que as pessoas que participam são nomeadas para estas funções de forma temporária. É um momento de diagnóstico, fundamental para que um novo governo assuma dentro da textura democrática de nossa sociedade. Cabe uma ressalva: comunidades não participam do processo de transição enquanto comunidades, mas membros de comunidades são convidados por suas competências técnicas, por suas qualidades profissionais. Fato é que isto se reverte como um ativo em favor da comunidade, pois pontes acabam sendo construídas. Muito ruim seria negar esta importância sob risco de uma interpretação equivocada contra uma comunidade.

TJ: A relação do Brasil com Israel sempre foi uma pauta importante. Qual seria a política externa ideal para o futuro próximo?
CL: Israel é a única democracia verdadeira do Oriente Médio e, portanto, uma peça vital dentro do mundo e da mecânica da geopolítica. Acho importante que as relações entre o nosso Brasil e Israel aconteçam de forma madura, que exista um entendimento de todo processo histórico da criação deste Estado e que, no caso do Brasil, as decisões não sejam tomadas com entendimento fragmentado. Israel tem direito de existir de forma soberana e de se defender de terroristas que querem ameaçar a sua existência e isto nada tem a ver com a existência de um estado palestino, apoiada por muitos israelenses. Esperamos que exista por parte do futuro governo uma sensibilidade a respeito desta questão e que seja preservada uma relação positiva desde a criação do Estado Judeu na Assembleia das Nações Unidas que foi neste evento presidida por um brasileiro, Osvaldo Aranha.

TJ: Acabamos de sair de uma Convenção da Conib. Como estão os judeus brasileiros atualmente e quais são as prioridades comunitárias?
CL: As condições e as demandas das diferentes comunidades nos diferentes estados são muito heterogêneas. Buscamos neste encontro harmonizar a necessidade de respeito ao nosso pluralismo e acredito que o objetivo central foi atingido. Por outro lado, escutamos muito e podemos constatar que existe uma necessidade enorme de investir mais na educação. Esta quem sabe seja a principal ferramenta para manutenção do judaísmo na diáspora. Dentro dessa perspectiva, o fortalecimento da liderança e vamos trabalhar muito para isso forma direta com as federações. TJ

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