Lag Baomer e o desastre em Meiron

Dovid goldberg – Especial para a TJ

Quando nosso evento de Lag Baomer, do Beit Chabad do Morumbi, estava terminando, recebemos a trágica notícia de Meiron, lugar sagrado onde acontecem as principais celebrações da data. Ali ocorreu o pior desastre civil da Israel moderna. Recebi uma mensagem da minha filha, que estava lá na hora, e Baruch Hashem, ela está bem!

Meiron é uma cidade montanhosa de aproximadamente mil pessoas, que anualmente é transformada por 24 horas. Centenas de milhares de pessoas vão ali para celebrar e orar em Lag Baomer, em 18 de Iyar, dia do falecimento do Rabi Shimon Bar Yochai. Ele é o autor do Zohar, livro-base da Cabalá, e um dos maiores sábios de nossa história, e está enterrado em Meiron.

Antes de falecer, Bar Yochai ordenou que nos alegremos nesse dia. Ele revelou que esta data contém energias especiais e sagradas. É um dia de oração propício para receber muitas bênçãos e deve ser feito por meio da felicidade. Muitos acendem fogueiras, que representam a luz do misticismo e do judaísmo.

O dia de Lag Baomer sempre cai no mesmo dia da semana em que cai Purim. Este ano, os dois foram celebrados numa sexta-feira. Isso porque essas duas datas felizes estão interconectadas. Depois de muito sofrimento e lockdowns devido à pandemia do novo coronavírus, centenas de milhares de pessoas foram para este local sagrado, neste dia sagrado, para se alegrar com a alegria de Rabi Shimon.

O grito de Shemá Israel, proferido com grande emoção, antes do acendimento da fogueira perto do túmulo do grande sábio, foi na verdade o último Shemá Israel de dezenas de judeus sagrados e puros, que pereceram poucos minutos depois.
Esta tragédia não aconteceu em um estádio ou em um lugar de entretenimento qualquer, com torcedores enlouquecidos. Mas em plena oração num lugar sagrado em um dia sagrado.

As pequenas coroas

O Talmud diz que quando Moshé subiu aos céus para receber a nossa Torá, ele viu D’us escrevendo pequenas coroas nas letras, em hebraico chamadas de Taguim. Moshé então perguntou a D’us: “por que você está escrevendo estes símbolos?”. E D’us respondeu: “Haverá um grande sábio que viverá daqui a mil anos, seu nome é Akiva e ele terá interpretações para cada um destes pequenos símbolos. É para ele que estou escrevendo isso”.

Moshé então pediu a D’us: “Mostre-me quem ele é”. D’us então mostrou as gerações futuras e ele viu a alma de Rabi Akiva explicando algumas das profundezas da Torá. Moshé perguntou: “qual será a recompensa desse homem tão especial?” Ele então vê Rabi Akiva sendo cruelmente assassinado pelos romanos. “D’us!”, grita Moshé, “é assim que Você recompensa os justos?” D’us então respondeu: “Shtok, silêncio”.

Nós, seres humanos, não conseguimos entender o caminho D’Ele.

Às vezes precisamos ficar quietos. Já sabemos que o povo judeu não deve perguntar “por quê?”, mas “o quê?”. O que devemos fazer diante da tragédia? A resposta é que nossa força está em nossa união. Uma tragédia aconteceu a milhares de quilômetros de distância e judeus do mundo inteiro estão sofrendo como uma família.

As pessoas não param de me ligar, perguntando como isso pode acontecer e por que isso pode acontecer. Devemos sentir o golpe em todas as partes do corpo. Prestar atenção em cada “órgão” do nosso povo e nos unirmos. Pelos falecidos, pelos feridos, pelos familiares sofrendo e enlutados, devemos acrescentar em bondade e aumentar a luz.

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