“Israel precisa ajudar as comunidades judaicas”

Joel Rechtman – Editor Executivo da TJ

Tribuna Judaica: Conte um pouco sobre sua trajetória.
Shmulik Arie Bass: Comecei minha carreira no Ministério de Relações Exteriores de Israel em 1991, como cadete. Por saber um pouco de japonês, fui enviado ao Japão, na Embaixada de Tóquio, onde estudei em uma universidade local e aprendi a língua. Também fui para Camberra, na Austrália, como número três da Embaixada. Depois fui para o Chipre como vice-embaixador. Ajudamos muito o pequeno país estreitar as relações com Israel. Antes o Chipre tinha relações com o Hamas e outras organizações terroristas, e passou a ter relações muito boas em Israel. Voltei ao Japão para trabalhar na Embaixada e o último posto fora de Israel foi como embaixador em El Salvador e Belize. Voltamos para Israel em 2014 e desde essa época sou diretor do Departamento para a América do Sul.

TJ: Qual o motivo de sua visita ao Brasil?
SAB: O Ministério acredita que as relações entre Israel e Brasil são muito importantes. Temos que manter essas relações boas e sempre podemos melhorá-las. O Ministério resolveu mandar alguém que tem experiência para essa função. Em março, teve uma missão brasileira a Israel dos ministérios de Relações Exteriores, sob coordenação do então ministro Ernesto Araújo, e de Ciência e Tecnologia, do ministro Marcos Pontes, para ver como podíamos cooperar nos temas de saúde e como lidar com a pandemia. Israel não tem uma vacina, mas está desenvolvendo uma que está na fase três de estudos, mas a maioria do país está vacinada. Não conseguimos fazer estudos internos. Por isso, os estudos terão que ser feitos em outros locais, onde a vacinação ainda segue, e o Brasil é uma opção. Há uma oportunidade de cooperação para esse estudo entre os dois Ministérios da Saúde.

TJ: O Brasil tem uma relação de altos e baixos com Israel, com a participação direta de Osvaldo Aranha para a independência do Estado e, recentemente, as visitas dos presidentes Lula e Bolsonaro ao país. O que aprendemos com a história?
SAB: A relação de Israel com os demais países depende dos povos, líderes, da economia e de outros poderes. Não podemos intervir nas relações internas do Brasil, por exemplo. O mesmo vale para os nossos vizinhos. Temos vontade de chegar à paz com eles, como chegamos com Egito e Jordânia, creio que isso só é viável se houver um compromisso verdadeiro.

TJ: Como está a relação de Israel com judeus da Diáspora? Ouvimos, por exemplo, sobre um projeto de vacinação de sobreviventes do Holocausto do mundo todo…
SAB: Nos primeiros anos do Estado de Israel, as comunidades judaicas de todo o mundo nos ajudaram muito. Agora, Israel está relativamente forte e precisa ajudar as comunidades judaicas, que aqui, podem fazer a ponte entre Israel e os povos da América Latina. Israel está aberto para judeus de todo o mundo e muitos dos Ministérios querem ajudar as comunidades judaicas. Quanto à vacinação dos sobreviventes, a Corte Suprema decidiu que o governo agora não pode exportar vacina para fora de Israel. O país pagou as vacinas, por três vezes acima do preço de mercado, e não pode ceder a outros sem aval do parlamento.

TJ: Muito se falou da não-visita de Benjamin Netanyahu a São Paulo.
SAB: Não sei nada sobre esse assunto, não passou por mim. Tem uma pessoa encarregada de Brasil, e os estados brasileiros, com autonomia para essas decisões.

TJ: No âmbito comercial, como as parcerias entre as Câmaras Brasil-Israel estão funcionando?
SAB: Israel foi o primeiro país que firmou acordo com Mercosul fora da América Latina. Isso foi em 2010. A partir daí, as relações evoluíram um pouco. Sentimos boa vontade dos dois lados, e precisamos fazer um pouco mais de força para aumentar o comércio com os quatro países do bloco.

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