Brasil e Israel, uma avenida de oportunidades

Floriano Pesaro – Especial para a TJ

Com o novo ano, o Brasil vê ascender também um novo governo que traz consigo a defesa de um pacto pela reindustrialização do país e pelo impulsionamento da capacidade exportadora brasileira, especialmente no que se refere aos bens industriais com valor agregado. Neste sentido, há um país para o qual a atenção deve ser direcionada pela conveniência da pauta exportadora, das relações com o Brasil, com o Mercosul e do forte mercado consumidor. Este país é Israel.

Hoje, Brasil e Israel possuem uma balança comercial avaliada em US$ 1,7 bi, sendo historicamente deficitária do lado brasileiro, que exporta soja, carne e milho e importa de fertilizantes e materiais de alta tecnologia – que, naturalmente, pelo valor agregado, possuem um custo maior.

Ocorre que há muito a avançar na relação comercial entre Brasil e Israel. Com uma população de renda média-alta e com padrão de consumo elevado, Israel representa uma oportunidade para que o Brasil exporte produtos de maior valor agregado, especialmente, industriais, a um baixo custo e com a garantia de que o processo produtivo esteja em linha com os princípios do chamado “ESG” – em português, Meio Ambiente, Social e Governança – e com a transição energética necessária para uma economia de baixo carbono.

Além disso, Israel é o único país fora da América do Sul a possuir acordo de livre comércio com o Mercosul, aliança política e econômica da qual fazem parte como membros plenos Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. O acordo foi assinado em 2010.

Neste sentido, o governo brasileiro possui instrumentos que podem guiar indústrias, setores da agropecuária e mesmo pequenos e médios empresários que queiram exportar seus produtos para Israel, que, apesar das possibilidades elencadas acima, ainda carece de reconhecimento como um destino de oportunidade para as exportações brasileiras.

Jornada da exportação

Tanto o Sebrae, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, quanto a Apex Brasil, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, possuem serviços que podem auxiliar as empresas brasileiras nessa jornada rumo à exportação que gera divisas, emprego e renda ao país. Segundo o documento “Perfil Israel”, de autoria da Apex Brasil, por exemplo, vê-se as oportunidades de exportação ao país tendo como destaques diferentes produtos já consolidados, como calçados, plástico, couro e maquinário de transporte.

Do ponto de vista geral, é claro, o processo de reindustrialização necessário ao país e de impulsionamento da capacidade exportadora passa por ações macro no campo da economia, como uma reforma tributária simplificadora, pela redução do chamado “Custo-Brasil” com a consequente e necessária melhoria da infraestrutura, especialmente no que se refere à capacidade de escoamento da produção. Também é fundamental uma agenda de competitividade que enderece questões regulatórias, por vezes contraditórias, que acabam por dificultar as exportações brasileiras até mesmo na América do Sul.

O Brasil tem hoje uma oportunidade de escapar da armadilha da estagnação econômica de renda média que captura países, com trajetórias socioeconômicas similares ao nosso, por décadas. O cenário internacional conturbado com a China abrindo espaços nas cadeias de produção com sua problemática doméstica quanto às políticas de contenção da COVID-19 e com a guerra na Ucrânia redesenhando os fluxos de produção globais, apontam uma oportunidade para o Brasil se inserir em um novo local na cadeia de produção global.

É possível a partir das condições econômicas, tributárias e regulatórias, mas também da informação e apoio técnico, fazer com que as exportações brasileiras ganhem mais valor agregado e gerem uma vida mais próspera e justa para todos. TJ

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