Sidney Klajner fala sobre as ações do Einstein na pandemia

Joel Rechtman - Editor Executivo da TJ

Tribuna Judaica: Desde o início da pandemia, o Einstein intensificou suas parcerias com todas as esferas governamentais. Quais foram as principais ações e resultados?
Sidney Klajner: A atuação da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein está baseada em quatro valores tradicionais do judaísmo – Mitzvá, Refuá, Chinuch e Tsedaká – e um dos nossos propósitos é entregar vidas mais saudáveis levando uma gota de Einstein para cada cidadão brasileiro. O Einstein já atua no Sistema Único de Saúde (SUS) há mais de 15 anos, atendendo 1,2 milhão de pessoas e, durante a pandemia do novo coronavírus, alguns trabalhos foram intensificados.

Estamos nos preparando desde o fim do ano passado e todas as ações adotadas durante este período estão sendo estendidas às unidades públicas que ficam sob a nossa gestão, como os hospitais municipais M’Boi Mirim – Dr. Moysés Deutsch e Vila Santa Catarina – Dr. Gilson de Cássia Marques de Carvalho.
Hoje, o Hospital Municipal M’Boi Mirim – Dr. Moysés Deutsch se tornou referência na rede pública de saúde para a internação de pacientes graves diagnosticados com Covid-19 e em breve, por meio de uma iniciativa com a Ambev e a Gerdau, entregaremos mais 100 novos leitos à cidade que, no futuro, serão integrados à operação normal deste hospital.

A UPA Campo Limpo, por sua vez, elevou a capacidade operacional para atender os pacientes respiratórios do complexo do Hospital Municipal do Campo Limpo. São destinados, aos casos mais críticos, 39 leitos com possibilidade de aumentar até a 67 para separar o fluxo de pacientes suspeitos com o suporte do Hospital Municipal M’Boi Mirim. Também foi montada uma tenda, nesta UPA, voltada a atendimento de baixa complexidade para o território da região do Campo Limpo.

Mas acreditamos que a principal ação durante esta pandemia é a operação pelo Einstein do Hospital Municipal de Campanha do Pacaembu, aberto no último dia 06 de abril, com 200 leitos. A estrutura é voltada ao atendimento de pacientes referenciados pela rede pública, ou seja, basicamente pacientes que passaram pelas Unidades Básicas de Saúde do SUS e que precisam de internação com cuidados de baixa e média complexidade. Com isso, acreditamos que será possível liberar vagas para atendimentos de maior complexidade nas unidades de saúde tradicionais.

Outra frente importante são as ações por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), em parceria com o Ministério da Saúde. Um novo projeto em andamento está promovendo assistência médica especializada para cerca de 120 cidades na região Norte do Brasil via Telemedicina com sete especialidades médicas. Por meio desse programa já existente, vamos poder auxiliar no diagnóstico e no tratamento de casos do novo coronavírus oferecendo médicos pneumologistas a esta população, assim como com o projeto Tele-UTI que, atualmente, atende cerca de 7 hospitais públicos para prover a estas instituições visitas diárias em UTI’s e auxiliar no atendimento local.

Ressalto ainda a minha participação ativa e a do Einstein no conselho de 7 profissionais à frente do projeto Todos pela Saúde com financiamento de R$ 1 bilhão do Itaú-Unibanco para o combate ao novo coronavírus.

TJ: O Hospital Israelita Albert Einstein é também um centro de pesquisa, com diversos especialistas. O que é possível vislumbrar na área científica para uma possível resposta ao novo coronavírus?
SK: Atualmente, temos mais de 30 estudos em andamento que estão associados à Covid-19 no hospital. Eles variam desde o uso de anticoagulantes como forma de melhorar a forma grave da doença a estudos voltados para a saúde mental dos colaboradores, pacientes e das pessoas que estão em casa em quarentena. Ainda é cedo para saber o que surtirá efeito imediato, mas acreditamos que as respostas para as dúvidas e perguntas que estão surgindo em meio à pandemia serão respondidas pela ciência.

TJ: Estamos em guerra e os profissionais de saúde estão na frente da batalha. Já tivemos, inclusive, algumas perdas. Como superar este momento tão difícil?
SK: Para oferecer o apoio necessário diante do impacto causado pela pandemia nos nossos colaboradores e também no de seus familiares, criamos o Ouvid, que integra as iniciativas de saúde mental dos colaboradores. Coordenado pela Equipe de Saúde Populacional do Einstein, a ação presta cuidado psicológico e psiquiátrico em casos de sofrimento emocional ou transtorno mental.

O Ouvid tem como lema “Ouvir também é cuidar” e baseia-se no tripé: promover a calma, aumentar a resiliência e restaurar a esperança. Sua sigla representa: O (ouvir atentamente), U (um minuto de silêncio), V (validar as emoções), I (informar assertivamente) e D (descomprimir para agir). Esperamos que essa iniciativa consiga reduzir os casos de sofrimento psíquico, a incidência da síndrome de Burnout, causada por esgotamento físico e mental intenso, e os incidentes de estresse pós-traumáticos no contexto da Covid-19.

TJ: Além dos profissionais o Einstein, o seu voluntariado sempre teve um grande protagonismo. Conte-nos o que está sendo feito nesse sentido.
SK: O Departamento de Voluntários tem contribuído com a pandemia por meio de campanhas de arrecadação de verba em prol da compra de 50 mil kits de higiene e cestas de alimentos para 10.000 famílias mais vulneráveis à crise e que são atendidas pelo Programa Saúde da Família nas regiões da Vila Andrade e Campo Limpo, na Zona Sul de São Paulo.

Outra atuação é a doação que o Voluntariado conseguiu para os pacientes que receberem alta do Hospital Municipal de Campanha do Pacaembu. Serão distribuídos 3.600 kits compostos por roupa, calçado e itens de higiene.

Já a AMIGOH está angariando fundos para aquisição de monitores cardíacos ao Hospital Municipal Vila Santa Catarina – Dr. Gilson de Cássia Marques de Carvalho, que atende pacientes oncológicos do SUS.

TJ: A comunidade judaica e as suas entidades têm dado exemplos claros de iniciativas contra a Covid-19, mas também está vulnerável a ela. O que deve ser feito para reforçar a rede de proteção do Ishuv?
SK: Neste momento, o isolamento social ainda é a melhor forma de contribuir para que passemos por esta epidemia de forma branda sem sobrecarga ao sistema de saúde. Os últimos dias de distanciamento social no Estado de São Paulo surtiram efeitos positivos e já é possível ver um achatamento da curva de contaminação do novo coronavírus, mas não podemos descuidar e devemos nos preparar para nos mantermos em casa pelo período necessário. Por outro lado, as necessidades básicas de pessoas confinadas estão sendo supridas por projetos de entidades judaicas, como a Federação Israelita do Estado de São Paulo, a Conib e a Unibes.

TJ: A conscientização da população é muito importante neste momento. O que o Einstein tem produzido na área de comunicação para orientar as pessoas?
SK: Assumimos, desde o início da pandemia, o compromisso de disponibilizar informações confiáveis à população por meio de nossos canais digitais. Criamos uma FAQ em uma área totalmente destinada ao tema no nosso blog Vida Saudável que passa por atualizações diárias acerca do novo coronavírus (https://vidasaudavel.einstein.br/coronavirus/). O objetivo é informar e educar as pessoas sobre o que fazer e como agir diante desse cenário de incertezas. Também criamos informativos para que as pessoas pudessem contribuir no compartilhamento das informações e no combate às fake news, tão recorrentes neste período, além de participação em lives de segunda à sexta no YouTube.

Todo material produzido por nossa equipe de marketing apresenta embasamento técnico com recomendações do Ministério da Saúde, da OMS e do CDC, além das práticas dos especialistas do Einstein.

Além da divulgação externa, temos um trabalho fundamental e importantíssimo junto ao nosso corpo clínico e ao time assistencial, para os quais divulgamos comunicados, treinamentos, vídeos, infográficos e ilustrações para auxiliar na capacitação de toda a equipe.

Eu mesmo, por meio da participação de debates e de lives em diferentes ambientes, tenho contribuído para a disseminação do conhecimento sobre a Covid-19, bem como para a conscientização de medidas de cuidados para prevenção.

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