Samuel Feldberg e os atentados em Israel

Samuel Feldberg- Especial para a TJ

Ao longo dos primeiros três meses deste ano, as forças de segurança de Israel impediram a realização de mais de cem atentados terroristas, um aumento exponencial em relação a anos anteriores.

Mas no último mês, até o momento em que escrevo estas linhas, foram perpetrados quatro atentados que mataram quatorze israelenses e deixaram inúmeros feridos. Inicialmente assumiu tratar-se de um novo fenômeno: palestinos, cidadãos israelenses, vinculados ao Estado Islâmico e fora da mira dos serviços de segurança. Mas os últimos dois atentados, os mais violentos, foram obra de palestinos da Cisjordânia, que provavelmente foram auxiliados, em Israel, para chegar ao local do atentado e obter as armas com as quais atingiram suas vítimas.

Estamos às vésperas do vigésimo aniversário do atentado contra o hotel em Natania que, durante a Segunda Intifada, levou Israel a reocupar as áreas administradas pela Autoridade Palestina e, finalmente, construir a barreira de separação.

A celebração de Pessach e do Ramadã coincidem este ano e levarão multidões a Jerusalém e ao Monte do Templo.

Há um ano, nesta época, o Hamas optou por incendiar os ânimos e o resultado foi mais um sangrento confronto no qual, como sempre, a população civil paga o preço. Este ano, grupos de direita em Israel estão tentando romper o status quo no Monte do Templo, oferecendo recompensas a judeus que tentem levar cabras e cordeiros para sacrificar em frente às mesquitas, no local onde se localizava o Templo de Salomão. Ninguém tem dúvidas sobre qual seria a reação das multidões de muçulmanos, se isso acontecesse em pleno Ramadã.

As lideranças palestinas estão preocupadas com a falta de evidência de sua causa. O mundo está preocupado com a guerra na Ucrânia e com as negociações nucleares com o Irã, os ministros de relações exteriores do Egito, Emirados Árabes, Bahrein e Israel se reuniram no Neguev para tratar de questões geopolíticas regionais (leia-se Irã) e o presidente israelense visitou a Jordânia e a Turquia, país que vem abandonando a postura hostil e busca reaproximar-se de Israel.

Egito e Qatar vem atuando em conjunto para melhorar as condições de vida na Faixa de Gaza e certamente pressionam o Hamas para que não provoque um conflito. A Autoridade Palestina e a Jordânia vêm colaborando para evitar um acirramento do conflito e, mesmo após o último atentado perpetrado por um palestino da Cisjordânia, o governo israelense continua leniente em relação às infiltrações, acreditando que vale a pena correr o risco frente à agitação resultante de um fechamento hermético da fronteira. O governo vem tentando diminuir a tensão, dando mais permissões para que os moradores de Gaza e da Cisjordânia trabalhem em Israel e para que os recursos árabes irriguem a economia palestina. Havia planejado também liberalizar a entrada de muçulmanos em Jerusalém durante o Ramadã. Apesar disso, está sendo obrigado a atuar firmemente na região de Jenin, berço da maior parte da violência e de onde costumam vir os terroristas que perpetram atentados em Israel.

Este último atentado representa um novo desafio para as forças de segurança, e talvez não seja o último deste ciclo, mantendo a sociedade israelense, sempre resiliente, em estado de alerta.

Manter a coesão

Este jovem governo israelense vem se defrontando com dificuldades para manter a sua coesão, especialmente frente a uma oposição belicosa que utiliza todas as oportunidades para tentar desestabilizá-lo. A extrema direita, representada pelo deputado Ben Gvir (na foto), ameaça a todo momento aproveitar-se da imunidade parlamentar para suas provocações e a direita oposicionista, como um todo, vem acusando o governo de conivente, por sua parceria com o partido islamista árabe, membro da atual coalizão. Mas o estopim da crise mais recente foi uma disputa entre uma parlamentar, membro do partido de Bennett, e o ministro da saúde, de esquerda, que autorizou a entrada de “Chametz” nos hospitais durante o Pessach, atendendo a uma resolução da suprema corte. O governo perdeu a maioria parlamentar e existem agora três caminhos:
• O governo continua a funcionar, mas com uma enorme dificuldade para aprovar novas leis.
• O governo cai devido ao abandono de mais parlamentares o que, segundo o acordo que criou este governo, implementa a substituição de Bennett por Iair Lapid até a formação de um novo governo.
• O orçamento não é aprovado em março de 2023, o que leva à queda automática do governo.

O que ainda joga a favor deste governo é o fato de que membros da oposição (especialmente parlamentares do partido árabe) podem ter interesse em não votar contra ele, o que é suficiente para sustentá-lo. O toma lá dá cá da política israelense talvez ofereça a solução.

Esperemos que, com o final da celebração do Pessach, não venha o anúncio de novas eleições.
Chag Sameach a todos/as.

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