Mauro Zaitz fala sobre as ações da Chevra na pandemia

Joel Rechtman - Editor Executivo da TJ

Tribuna Judaica: O que mudou, em termos sanitários, a visitação aos cemitérios em tempos de pandemia?
Mauro Zaitz: É um período muito difícil, com muitas perdas. Dentro desse dramático contexto, a Chevra vem conseguindo garantir o atendimento pleno a todas as famílias, bem como o emprego de todos os funcionários. Adotamos protocolos de combate à Covid-19, como a medição de temperatura corporal, instalação de displays de álcool gel, uso de máscaras e distanciamento entre as mesas e cadeiras de trabalho e também adquirimos mais EPIs (equipamentos de proteção individual). Restringimos o acesso a ambientes sem ventilação, fechamos a casa de orações e o salão principal, e suspendemos os velórios, cumprindo orientação do serviço funerário do município. Os cemitérios estiveram fechados para visitação, entre março e setembro de 2020, o que se traduziu numa queda vertiginosa do número de visitantes em relação aos anos anteriores. Mesmo assim, serviços de conservação interna, como jardinagem, poda e remoção de árvores com risco de queda, limpeza, manutenção de campas e quadras, pintura de letras nas sepulturas e pequenas obras, como a reforma da sala de atendimento funerário, foram mantidos. Todos os funcionários já foram vacinados contra a Covid-19, especialmente coveiros e shomrim (responsáveis pela lavagem dos corpos, a tahara), considerando que estão em atividades de alto risco de contaminação e, como tal, integram grupo prioritário reconhecido pelas autoridades de saúde.

TJ: Nossa religião também é sábia nestes momentos. Qual foi a orientação de nossos rabinos?
MZ: O rabino representante da Chevra, Elyahu Valt, recomendou firmemente que as famílias não realizassem cerimônias de Shive, Shloshim e Yurtzait com mais de 10 pessoas, em prol da saúde de nossa comunidade. Pautamos nossa atuação pelo apoio às famílias enlutadas e pela preservação dos rituais judaicos de respeito e honra ao corpo, dentro das atuais limitações sanitárias. Assim, garantimos aos que perdem um ente querido a possibilidade de sepultá-lo de forma digna, de acordo com a Halachá. Porém, tivemos que limitar também a 10 o número de pessoas presentes a um enterro. Foi suspensa a distribuição de kipá – os visitantes devem trazer a sua própria ou vestir chapéu ou boné para acompanhar um enterro.

TJ: Nossa comunidade tem sofrido também na área financeira. Como a Chevra Kadisha tem apoiado os casos sociais?
MZ: A Chevra tem o compromisso primordial de atender aos chamados casos sociais, em que, comprovadamente, a família não tem condições de arcar com os custos de um sepultamento judaico. Em razão da pandemia, o número desses casos aumentou no último ano, como consequência do impacto econômico e social da crise sanitária que não poupou a nossa comunidade: em 2020, 17% dos sepultamentos nos cemitérios israelitas foram realizados sem cobrança. Ou seja, de um total de 429 sepultamentos, 74 foram subsidiados pela Chevra. Nos últimos cinco anos, essa média era de 55 casos anuais.

TJ: A instituição também modernizou as formas de aquisição e manutenção dos túmulos. Quais são as novidades?
MZ: Nossos serviços de atendimento para venda de reservas, quitação definitiva e segunda via de boletos vem sendo realizados virtualmente, por funcionários em home-office. Contato pelo tel. (11) 3329-7070, em horário comercial, ou pelo email faleconosco@ chevrakadisha.org.br.

TJ: O Ishuv também foi muito impactado pela Covid 19. Quais são as estatísticas disponíveis depois de um ano?
MZ: Ao longo de 2020, foram 110 mortes confirmadas por Covid-19 e 72 casos suspeitos. Temos a certeza de que, juntos, vamos superar essa pandemia e, em breve, com as bênçãos de Deus, voltaremos à normalidade, sepultando nossos entes queridos amparados pelo amplo convívio familiar.

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