Yom Hashoá no Memorial do Holocausto

Sarita Mucinic Sarue - Especial para a TJ

Quando os jovens se preocupam com o futuro da memória da Shoá, os sobreviventes do Holocausto sentem a segurança da missão cumprida. Quatro sobreviventes foram testemunhas do protagonismo da juventude, realizado em dois eventos do Yom Hashoá no Memorial do Holocausto.

Em parceria com o Consulado de Israel e a liderança Jovem da Federação Israelita de São Paulo, os dois eventos tiveram a presença maciça de jovens e foi marcante, tanto pela liderança jovem judaica, quanto por estudantes de outras escolas de São Paulo, três particulares e uma pública.

No primeiro evento realizado na véspera do Yom Hashoá, a assessora da juventude da Fisesp, Fafá Altikes organizou junto com os jovens, uma programação emocionante. Antes do evento, os convidados fizeram uma visita guiada pelo Memorial do Holocausto e a cerimônia foi apresentada por Camila Cespin. Raphael Harari conduziu o bate-papo entre os sobreviventes George Legman, a Judith Brewer e o educador Marcos Zlotnik. O tema conversado foi sobre o importante papel da educação no combate ao antissemitismo e para que a história não se repita.

Compareceram ao ato as lideranças da comunidade judaica em parceria com Conselho Juvenil Sionista, Memorial do Holocausto e Fundo Comunitário. O Cônsul Geral de Israel em São Paulo, Rafael Erdreich, filho de sobrevivente, compartilhou a história emocionante de sua família durante a Shoá. O rabino Toive Weitman, diretor da instituição, fez um discurso que emocionou a todos presentes. A diretora da juventude da Fisesp, Elisa Nigri, junto com a Caroline Beraja, incentivaram a organização desse evento para relembrar as seis milhões de vidas perdidas durante o Holocausto. O evento foi também transmitido on-line, ao vivo pelo YouTube da Fisesp e Facebook das instituições parceiras e está disponível para quem quiser assistir.

Exposição

No mesmo dia, foi inaugurada no Memorial do Holocausto a exposição do Yad Vashem: Shoá- como foi humanamente possível?
A mostra exibe painéis com imagens e textos que explicam, de forma clara e didática, a cronologia do Holocausto (1933 a 1945), além de depoimentos que levam o visitante à reflexão sobre o assassinato em massa de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. A mostra também traz o tema para os dias de hoje, a fim de educar jovens e construir uma memória coletiva universal, que transmita e compartilhe valores como tolerância, respeito, diversidade, igualdade, resistência e resiliência.

No dia seguinte, foi a vez do segundo evento no Memorial do Holocausto em parceria com o Consulado de Israel, que recebeu os alunos do Colégio Renascença, Colégio Eugenio Montale (italiano), Colégio Humboldt (alemão) e o do Céu EMEF Maria Clara Machado. Os alunos fizeram juntos a visita guiada pelo memorial, num clima de integração e amizade.

O encontro contou com a presença de autoridades e dos representantes de entidades judaicas. Estiveram presentes Rafael Erdreich, a Vice-Cônsul da Alemanha Sophie Valente, o diretor geral da Conib, Sergio Napchan, o presidente executivo da Fisesp, Ricardo Berkiensztat, Cláudio Monteiro, da comunidade cigana, e os sobreviventes do Holocausto Alice Farkas e Daniel Roth. O jovem cantor Ariel Marmelsztejn, acompanhado da maestrina Tania Travassos, tocaram o coração de todos, cantado El Malê Rachamim, no acendimento das velas em homenagem às seis milhões de vítimas judias e dos diversos grupos assassinados pelo regime nazista.

Depoimentos:

Segue os comentários daqueles que participaram dessa manhã triste mas acolhedora:

“Eu agradeço o convite que eu recebi para poder participar desse acontecimento muito importante, com isso a gente experimenta levar para as próximas gerações o acontecimento mais triste que aconteceu na terra. Na minha vista eu agradeço que nas escolas estejam divulgando o que aconteceu no mundo, não só de nós judeus que sofremos, foram os ciganos e as outras pessoas e eu espero que tudo isso seja muito aproveitado para o futuro. Mais uma vez agradeço ao convite que eu fui privilegiada de participar deste evento”.
Alice Farkassobrevivente da Shoá

“O evento no Memorial foi importante para o engajamento das novas gerações na divulgação da barbárie que assolou a Europa nas décadas 30 e 40 do século 20. Lamentavelmente, grande parte da população não tem noção da dimensão dessa falta de humanidade e muitas vezes o tema Holocausto e banalizado ou mesmo serve de piadas”.
Daniel Roth – sobrevivente da Shoá

“A mensagem mais relevante foi constatar o compromisso desses jovens com relação à temática da Shoá, as novas narrativas e a releitura do perigo para não ter a história distorcida, negada e banalizada. O ponto alto do evento foi a integração e protagonismo dos jovens de escolas diferentes e unidas pelo tema da Shoá”.
Sergio Napchan

“Trabalho com meus alunos a questão do Holocausto, de forma que o tema faça sentido para eles que residem em uma região periférica na cidade de São Paulo. O evento foi importante porque tocou os estudantes e traz esperança de um mundo mais altruísta, fraterno e empático. O Holocausto é uma questão humanitária e essencial, porque, além de contrapor as narrativas negacionistas, propõe uma reflexão sobre o passado e o futuro que queremos, pois, é inconcebível que a vida de outras pessoas seja ceifada pelo simples fato de fugirem aos padrões impostos ao logo do tempo. Os alunos estão produzindo um documentário sobre o tema, após a visita ao Memorial do Holocausto”.
Professor Armindo dos Santos Bispo, do CEU EMEF Maria Clara Machado

“Um dos objetivos da instituição é fomentar e incentivar a cultura de memória na comunidade escolar. Agradeço a experiência e o aprendizado com a visita dos alunos ao Memorial do Holocausto para manter a cooperação com a instituição em prol da memória. Os alunos apresentaram o projeto do Memorial da Resistência, construído na escola e idealizado pelos jovens, que ganharam essa possibilidade por um concurso entre diversas escola alemãs pelo mundo”.
Ronny Möller,
do Colégio Humboldt

“Foi uma manhã especial. Participar com os alunos e educadores do 9º ano de ‘minha escola centenária’ – o Colégio Renascença – do ato de Yom Hashoá promovido pelo Memorial do Holocausto e pelo Consulado de Israel, que contou com a inauguração da exposição ‘Shoá – como foi humanamente possível’? me fez refletir e ressignificar a importância dessa iniciativa. Compartilhar nossa história com alunos e professores do CEU EMEF Maria Clara Machado, Scuola Eugenio Montale e Colégio Humboldt e conhecer seus projetos, que abordam a temática da ‘Shoá’ me traz a certeza de que estamos no caminho certo e que este triste capítulo da história não será esquecido, para que jamais volte a acontecer. O respeito e o amor ao próximo são os maiores legados que podemos transmitir a esses jovens. O texto lido por nosso aluno representante, Pedro Lukower Garbuglio, enfatiza que o discurso deve orientar nossa prática. Que sejamos autores das soluções. Cabe à Educação e à informação a preservação da memória da Shoá.
Holocausto – nunca mais! Never again!”
Marli Ben Moshe – Diretora do Colégio Renascença

“Esse dia no Memorial do Holocausto foi uma manhã de reflexão. A apresentação das pesquisas realizadas pelos próprios alunos do ensino médio foi uma experiência rica e emocionante que faz a diferença na vida dos alunos e professores. Os alunos apresentaram sua pesquisa com o tema O Futuro da Memória, entrevistas com netos e filhos de sobreviventes da Shoá e a sua reflexão sobre a necessidade de reviver a memória”.
Professora Sara Di Benedetti, da Escola Internacional Eugenio Montale

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