Há 18 anos nascia uma ideia: a criação de um centro para jovens acima de 18 anos. Um lugar no qual não apenas pudessem se encontrar e socializar em um ambiente judaico, mas um espaço de acolhimento, um local onde pudessem fazer amigos e, também, desabrochar seu potencial como indivíduos, como judeus e sentir-se parte de algo que poderia fazer a diferença.
Surgia, então, o Espaço K, assim nomeado em homenagem a Carola Levinzon, esposa de Sergio Levinzon – diretor executivo e idealizador do projeto. Prematuramente falecida, “Espaço K” era o nome de seu ateliê. Do sonho nascido em 2000 à inauguração da sede na Rua Gabriel dos Santos, passaram-se praticamente três anos. O local escolhido, após uma busca demorada, foi totalmente reformado para adequar-se à proposta do projeto.
Contando com um grupo forte de apoiadores desde a ideia embrionária, o Espaço K tornou-se uma referência para a juventude e para a comunidade. Milhares de jovens participaram de suas inúmeras atividades ao longo destes anos. Cursos de judaísmo, palestras e workshops com temas da atualidade, aulas extracurriculares de temas judaicos em universidades, viagens de lazer e estudo, atividades esportivas e culturais fazem parte de sua história, além do acolhimento a jovens de pequenas comunidades que vem estudar em São Paulo e Shabatot em família. Ao longo de sua trajetória foram criados projetos que estão deixando sua marca, não apenas na vida de quem participa, mas também na comunidade e na sociedade maior.
O Laços de Amizade, criado em 2005, é uma dessas iniciativas que estimula os jovens a fazerem trabalho voluntário, levando alegria e dando a sua contribuição para tornar este mundo um lugar melhor. Desenvolvido em parceria com diversas entidades judaicas e da sociedade maior, o projeto trouxe aos participantes do Espaço K a oportunidade de fazer a diferença junto a quem tanto necessita.
De olho no futuro
Sempre atentos às transformações na sociedade e às necessidades da juventude, os dirigentes do Espaço K iniciaram a agenda de comemorações dos 18 anos com um projeto que visa atender as demandas profissionais dos jovens. Dentro desta linha, está sendo realizado, pela primeira vez, um curso de capacitação para computação em nuvem.
O objetivo é dar aos participantes de 18 a 35 anos, a oportunidade de adquirirem novas ferramentas que lhes permitam ampliar suas perspectivas profissionais. Ao término do curso AWS Academy Cloud Foundations (Fundamentos de nuvem da AWS Academy – da Amazon Prime), que tem a duração de um ano, os alunos estarão aptos a fazer as provas para as quatro certificações concedidas pela Amazon Prime: Amazon Cloud Foundations – ACF, Amazon Cloud Architecture – ACA, Iniciação em Python e Developer de System Operations.
“A escolha do curso não foi aleatória. Está relacionada com a constatação de que há uma demanda por profissionais qualificados para trabalharem com a tecnologia de nuvem, que passou a ser prioridade para a maioria das empresas, principalmente nos últimos meses, quando o trabalho remoto se tornou uma realidade imediata”, explica o rabino Mendel Zejger, coordenador do projeto. As aulas acontecem duas vezes por semana, das 19h às 22h, na sede do Centro de Juventude. Sempre ministradas por dois professores, um na sala de aula, com os alunos, e outro on-line.
“Nós optamos por este formato, com todas as medidas de segurança sanitária, pois acreditamos que é mais produtivo e dinâmico. O contato direto com o professor, na sala de aula, permite maior aproveitamento do conteúdo, ao mesmo tempo em que o docente on-line também pode esclarecer dúvidas pelo chat. Os dois se revezam durante as aulas”. O modelo híbrido, segundo o rabino, permitiu a participação dos melhores profissionais da área, inclusive de fora de São Paulo.
“Nosso objetivo com esta iniciativa é mostrar aos jovens que há caminhos para o crescimento pessoal, desde que estejam capacitados para atender às novas necessidades do mercado de trabalho. Acreditamos que assim é possível despertar sua autoestima, a partir do momento em que passará a acreditar em seu potencial. O curso é uma ferramenta para abrir novas perspectivas e levar à construção de uma vida digna”.
O curso é totalmente patrocinado pelos apoiadores do Espaço K, incluindo as provas para as certificações da Amazon Prime. A primeira turma conta com 20 alunos e, aumentar o número, dependerá dos patrocínios. “Se houver mais bolsas, teremos mais alunos, mantendo sempre a qualidade dos cursos. Nossos alunos não são um número, cada um tem um perfil, uma identidade e uma realidade”.
Laços de Amizade
Além do Laços de Amizade, o Espaço K lançou, há dois anos, mais um projeto na área social. Inicialmente focado na distribuição de marmitas e cobertores para a população carente no centro de São Paulo, essa iniciativa integrou mais uma ação: desenvolver atividades de arte com as crianças no local.
“É muito gratificante acompanhar os nossos jovens nesse trabalho, ver o seu crescimento e o seu compromisso com o voluntariado. Quanto mais percebem o impacto que podem causar na vida de outra pessoa, mais se sentem estimulados a continuar. Principalmente durante a pandemia, quando o número de pessoas necessitadas aumentou. Nós não levamos somente comida, levamos dignidade, carinho, empatia. A importância desse trabalho é vista nos sorrisos, nas brincadeiras. A arte expressa o que muitas vezes as palavras não conseguem, acaba com as diferenças, é uma linguagem que todos entendem”, ressalta o rabino. Na orelha do livro lançado pelos sete anos da instituição, “K Space – The Story of a Ideal”, cinco frases expressam a essência:
“Não espere o jovem vir à instituição por iniciativa própria. Vá diretamente até ele, o atraia e o motive continuamente a estudar, apresentando-lhe um judaísmo moderno, dinâmico, alegre e vibrante.
“Líderes têm a missão de sempre estudar e pesquisar a linguagem e as tendências da juventude, para garantir a abordagem mais efetiva possível. A ordem do dia é apelar aos jovens em todos os momentos”.
“Este objetivo é atingível a partir do momento em que o Espaço K se tornou parte importante das vidas da juventude. Para atingir esta meta, cada jovem tem o mesmo valor para o Espaço K.
Nenhum indivíduo é apenas uma estatística, nem deve se sentir como tal. Todos têm nome, sobrenome, problemas, sonhos, etc. Se o nosso objetivo é fazer os jovens viverem e respirarem nossos valores, devem ser acolhidos como membros da nossa família”.
“Em termos de liderança, não é tão importante o que temos a oferecer aos jovens. Muito mais importante é o que eles têm a oferecer à sua comunidade, jovens podem encontrar alegria e descobrir o judaísmo em seu íntimo”.
“Transformar o Espaço K em um lugar onde os jovens podem ser felizes e criar amplo número de oportunidades e possibilidades para atingir este objetivo. Quem salva uma vida, salva o mundo”.
Passados tantos anos desde o lançamento do livro, ao completar 18 anos, a essência continua a mesma. Mazaltov Espaço K. Que venham muitos mais 18.
