Em 70 anos de imigração, olim brasileiros se destacam

Joel Rechtman – Editor Executivo da TJ

Tribuna Judaica: Você está na sua segunda shlichut (missão) no Brasil. O que mudou no processo de aliá brasileira desde então?
Nestor Kirchuk: Algo que mudou é que hoje 90% de todos os processos de aliá são feitos pelo Global Center da Agência Judaica, em Jerusalém. Toda a documentação é organizada por lá e nós fazemos apenas uma pequena parte no final aqui. No Brasil, ficamos responsáveis em orientar pessoas de todo o país sobre a aliá e cuidarmos das ações de marketing.

TJ: Quais são os números reais da aliá brasileira atualmente?
NK: Temos entre 650 e 690 olim brasileiros por ano. Este ano talvez alcance um número um pouco maior.

TJ: Existe a aliá por motivos ideológicos, religiosos e também educacionais. O que Israel tem a oferecer?
NK: Há diversos motivos para as pessoas fazerem aliá. Pode ser por questões ideológicas, por se identificar fortemente com Israel desde criança, por influência da família, da escola ou das tnuot. Tem gente que faz por questões religiosas, pois lá podem aproveitar 100% dessa parte morando na Terra Santa. Muita gente vai por questões educacionais, para estudar em uma universidade do país, com os benefícios financeiros e de entrada das universidades que o Ministério da Absorção dá para os novos olim. Há muitos adolescentes entre 14 e 16 anos que vão para Israel terminar o Ensino Médio e absorver a vida do país – a grande maioria decide ficar lá. Há ainda motivos pessoais, econômicos. Muita gente quer emigrar para outro país e para os judeus ou quem tem ascendência judaica, fica muito mais fácil escolher Israel.

Desde que chegam lá, os olim recebem muitos benefícios. Não vou elencar todos aqui, mas recebem um lugar para morar no início da adaptação, ensino de hebraico por quase meio ano por conta do Estado, recebem um subsídio mensal por cerca de cinco meses, até conseguir trabalho e se sustentar no dia a dia. Há ainda muito benefícios no campo dos estudos, entre outros.

TJ: A aliá brasileira é mais antiga que a própria existência do Estado de Israel. Quais são suas grandes contribuições?
NK: Assim como a de outros países, a aliá brasileira contribui muito para o desenvolvimento do Estado de Israel. Há muitos médicos, dentistas, engenheiros, químicos e até pilotos da força aérea e da El-Al que fizeram carreira em Israel. É possível encontrar brasileiros em praticamente todos os setores da economia israelense. Podemos encontrá-los na Academia, em grandes empresas, no Exército, muitos que conseguiram sucesso e fazendo coisas interessantes para o país.

TJ: Há um fenômeno econômico importante na motivação para a imigração a Israel, mas hoje também se observa que muitos pais estão seguindo seus filhos que se estabeleceram no país, correto?
NK: O fenômeno econômico na motivação acontece quando a pessoa vê a possibilidade de uma melhora financeira em outros países. Para a comunidade judaica, é mais fácil pensar em Israel como opção para melhorar sua situação pessoal e econômica. Obviamente que não é fácil recomeçar do zero, mas quem realmente quer, consegue se engajar e criar uma nova vida, uma nova carreira, empreender. Mesmo sendo assalariado, é possível ter uma vida boa. Os brasileiros são muito trabalhadores. Conheço muitos que não escolhem muito na hora de conseguir um emprego e estão dispostos a arregaçar as mangas e trabalhar. Quem faz o trabalho é a pessoa, se você tem bons valores, vai levá-los para qualquer emprego, e nos brasileiros essa mentalidade se vê claramente.

Também tem acontecido muito do olê seguir seus filhos. Normalmente estes vão primeiro, os pais ficam um tempo, não querem largar a vida que tem aqui, mas quando começam a ficar com mais idade, querem se juntar aos filhos e netos e continuar com essa relação familiar básica em Israel.

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