Beit Halochem e o cuidado aos soldados israelenses

Joel Rechtman - Editor Executivo da TJ

Tribuna Judaica: Conte-nos um pouco sobre a organização Beit Halochem, que você foi convidado a presidir este ano. Quem faz parte de sua diretoria?
Avi Gelberg: Beit Halochem é uma instituição que trata de todos os soldados feridos de Israel, de todas as guerras, ou seja, de pessoas de todas as idades. Há desde combatentes que lutaram a Guerra dos Seis Dias até soldados jovens, que participaram de conflitos recentes. No total, são 51 mil feridos, cuidados em quatro centros de reabilitação, em Tel Aviv, Jerusalém, Haifa e Ashdod. Lá recebem tratamento físico e mental. Também são oferecidos cursos para prepará-los para recomeçar a vida. Beit Halochem é a casa do soldado ferido, que dá outra chance para aquele que deu a vida ao Estado de Israel. A diretoria do Beit Halochem Brasil conta com Fernando Rosenthal, Gaby Milevsky, Denise Gelberg, Dennis Szyler e Ana F. Iosif; além de Meyer Nigri e Salomão Ioschpe no Conselho.

TJ: Qual é a grande prioridade da entidade neste momento tão delicado para Israel e a humanidade?
AG: A prioridade é manter uma certa atividade, pois o centro de reabilitação não pode estar aberto, apenas em casos mais críticos. O que está se tentando fazer é levar atividades, por meio de tecnologia, às casas dos soldados, e principalmente oferecer comida e produtos de higiene a todos os soldados feridos. É um trabalho em que se tem que ir de casa em casa, para não deixar ninguém sem assistência.

TJ: A recuperação física e mental dos soldados feridos é parte bastante importante do trabalho, mas o Beit Halochem vai além disso. Relate como é o trabalho de reintegração desses soldados na sociedade.
AG: Podemos contar vários casos. Tem um soldado, que esteve conosco no Brasil, que estava em um tanque que pegou fogo. Ele ficou desfigurado e teve que passar por dezenas de cirurgias. Para recomeçar a vida, o Beit Halochem procura oferecer oportunidades dentro daquilo que o soldado gosta de fazer. Nesse caso, ele gostava de esportes, principalmente de body buiding. O Beit Halochem proporcionou que ele voltasse a treinar e ele ganhou a medalha de ouro em Israel no esporte e foi segundo lugar no campeonato mundial. Outro exemplo é de um brasileiro que se recuperou e se formou numa universidade em Hertzlia, com a ajuda do Beit Halochem, e encontrou lá a mulher da vida dele, brasileira, e em agosto do ano passado se casaram. Hoje está totalmente inserido na sociedade, apesar do ferimento muito grave que teve após sofrer um tiro nas costas. Como esses, temos vários exemplos de pessoas que reconstruíram suas vidas.

TJ: Qual é o exemplo que os assistidos podem dar aos jovens do Brasil e da diáspora?
AG: O grande exemplo é o de nunca desistir, ter a perseverança de continuar vivendo e seguir atrás de seus sonhos. Há grupos de soldados feridos que fazem viagens ao redor do mundo. Mesmo alguns, que tem dificuldade de locomoção, escalam montanhas e se impõem desafios. Apesar de tudo que sofreram, às vezes com ferimentos graves, eles não desistem da vida. É um exemplo para todos nós que, às vezes, no dia a dia, por dificuldades pequenas, desistimos. Tem gente com desafios muito maiores para continuar a vida e que seguem em frente. E nesse momento de quarentena, em que estamos em casa, é hora de refletir que a vida nos prepara surpresas para as quais não estamos preparados. Nessas horas temos que pensar que nossa vida é um presente e temos que fazer o máximo para retribuir às pessoas a nossa volta, agradecermos que temos saúde e colaborarmos com os outros. Precisamos ser um pouco mais solidário e pensarmos um pouco mais no próximo. A nossa tradição fala que quem salva uma alma, salva o mundo, e essa é a realidade.

TJ: Como ativista comunitário, que mensagem você poderia deixar para o ishuv nesse momento delicado em que estamos vivendo?
AG: Acabamos de sair de Pessach, a festa que celebra a liberdade. Hoje estamos em confinamento. Vamos usar este momento para aproximar a família, os amigos, mesmo que seja por meio da tecnologia. Vamos sempre pensar naqueles que estão sozinhos, ligar para os avós, para os pais, ajudar quem precisa de todo o jeito que podemos, em termos físicos ou psicológicos. Também temos que manter nossas entidades fortes. Estamos passando por um momento econômico difícil, mas não podemos esquecer nossas entidades, como A Hebraica, as sinagogas, o Fundo Comunitário, o Einstein, todas elas. Nossas entidades têm que ficar firmes e fortes. Temos que ter em mente que vai haver o day after. Por isso, devemos estar prontos para continuarmos as nossas atividades.

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