Aviel Avraham, o vice-cônsul geral que nasceu na Etiópia

Joel Rechtman - Editor Executivo da TJ

Tribuna Judaica: Conte um pouco sobre seu histórico até assumir o cargo de vice-cônsul geral em São Paulo.
Aviel Avraham: Primeiramente, é um prazer conversar com você, Joel. Eu vim de Israel, mas nasci na Etiópia. Fui para Israel quando tinha apenas quatro anos, com a minha família. Antes de assumir esse meu primeiro posto diplomático, em São Paulo, trabalhei no Ministério de Relações Exteriores e no Ministério de Ciências e Tecnologia. Neste último, minha função, junto aos meus colegas, era promover o intercâmbio entre a ciência produzida em Israel e parceiros do mundo todo. Já tínhamos uma boa relação com as autoridades brasileiras na época e foi muito importante para eu aprender que não se tratava apenas de troca de tecnologia, mas, sim, de lidar com pessoas. A melhor parte do meu trabalho era criar novas conexões entre cientistas israelenses e colegas de outros países. Eu também trabalhei como gerente de projetos na Academia – não no sentido de ginástica, mas de universidades. Entre os projetos, dirigi um programa para promover a excelência entre estudantes universitários no Interdisciplinary Center (IDC), em Herzlia. Esse foi basicamente meu caminho até chegar aqui. Antes disso, eu também participei de missões onde representei Israel em diferentes países, criando pontes entre estudantes estrangeiros e israelenses, além de promover Israel e combater campanhas de desinformação em campi universitários.

TJ: Qual a função do seu cargo atual e sua relação com a comunidade paulista?
AA: Estou na minha segunda semana no cargo e me sinto muito animado. Uma das metas que quero alcançar enquanto estiver aqui é ampliar ainda mais as relações entre Brasil e Israel, envolvendo todas as áreas possíveis, como turismo, economia e outros setores, sempre trabalhando em conjunto com o cônsul-geral, Alon Lavi, e o time do Consulado. Quanto à comunidade judaica local, percebi como é bem organizada e quantas opções os membros da comunidade têm por aqui. Estas instituições são importantes para aumentar o relacionamento da cidade com o Estado Judeu. Nós estamos aqui para representar o Estado de Israel, mas queremos andar de mãos dadas com a comunidade para fortalecer essas relações.

TJ: Você é fruto da Diáspora judaica e hoje há uma discussão importante sobre o papel da Diáspora no Estado de Israel. Algumas pessoas pensam que os judeus de outros países devem ter influência na política e na cultura israelense, enquanto outros acham que não. Como você vê essa questão?
AA: Israel é uma democracia e dentro dela há opiniões de todos os tipos nos mais diferentes tópicos. E para algumas questões mais relevantes, há dezenas de opiniões. Mas uma coisa é consenso: devemos manter uma relação forte com a Diáspora. As pessoas expressam suas próprias opiniões sobre a Diáspora e sua influência na política israelense e em muitos outros assuntos, por exemplo, e essa diferença de opiniões é uma das coisas que fazem nossa sociedade tão vibrante. O mais importante, no final, é mantermos os laços fortes. E trabalhei com esse intuito toda a minha vida. Esta conexão não depende de uma pessoa ou de um grupo. A Aliá de judeus de todo o mundo vai sempre continuar e os israelenses também não param de visitar seus parentes em outros países. Estou falando de algo muito maior. Eu trabalho todos os dias, por exemplo, para ajudar famílias a estarem com seus entes queridos, principalmente durante esses tempos difíceis. É dessa reação que falo, algo que transcende pequenas questões. Nós do Consulado somos leais ao governo israelense e seguimos todo o direcionamento que ele nos passa a esse respeito.

TJ: Para finalizar, deixe uma mensagem para nossos leitores e a comunidade judaica paulista.
AA: Primeiramente, quero agradecer a todos os meus colegas do Consulado Geral em São Paulo e ao Cônsul Geral por terem me recebido tão bem e me fazerem sentir em casa. Eu senti essa recepção calorosa também da comunidade judaica local. Na semana passada, um rabino chegou até nós com uma Sucá no seu carro. Já que não podemos celebrar Sucot, por conta da pandemia, ele me deu essa oportunidade. Fui até a Hebraica e muitas pessoas ouviram meus filhos conversando em hebraico e vieram perguntar de onde éramos, se podiam ajudar em algo, e isso nos fez sentir em casa. É um sentimento que tenho em Israel também, onde mesmo pessoas desconhecidas se dispõem a ajudar recém-chegados. Por isso, a mensagem que quero passar para a comunidade é que vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para ajudar no que o Ishuv precisar. Vou visitar mais e mais instituições locais. Quero conhecer todas elas. Desejo também que todos se sintam livres para me convidar a conhecer suas entidades e trazer ideias para que essa relação fique mais forte. Vivemos em um tempo em que é importante dividir opiniões, não existe um dono da verdade, e, por isso, quero que todos se sintam à vontade para compartilhar suas ideias conosco.

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