A vez que os nazistas estiveram na Amazônia

Daniel Waismann – Da Redação

Tribuna Judaica: O seu livro, “Nas Pegadas da Alemoa”, ficou algumas semanas entre os mais vendidos no Brasil. Conte sobre o que é o livro?
Ilko Minev: Trata-se de um romance, com personagens que já apareceram nos meus livros anteriores, mas é baseado em uma história real: uma expedição nazista na região da Amazônia. Eles vieram explorar a região entre 1935 e 1937. Descobri também que, após a expedição, nasceu uma indiazinha, loira, de olhos azuis. Ela era chamada de “Alemoa”. Sabia que a chance de estar viva ainda hoje era pouco, mas fui atrás de seus passos para escrever o livro. Infelizmente não a achei, mas a jornada que vivi e tudo o que eu descobri pesquisando sobre o tema fizeram essa busca valer à pena.

TJ: Como você ficou sabendo dessa expedição nazista na Amazônia?
IM: Meu filho Denis Minev foi conhecer a Cachoeira de Santo Antônio, um dos pontos turísticos mais bonitos (mas pouco conhecido) da região. Então um dos guias recomendou que ele fosse visitar um cemitério que ficava ali próximo, pois era um roteiro comum para os turistas. Lá ele encontrou uma cruz enorme, com uma suástica na ponta. Em alemão, estava escrito: Joseph Greiner faleceu aqui em 02-01-36, de febre, a serviço da pesquisa científica alemã – Expedição Alemã Amazonas – Jari 1935-1937. Meu filho então me instigou a descobrir o que foi essa tal expedição. Estava escrevendo meu outro livro naquele momento, e quando terminei, fui pesquisar o que tinha acontecido ali.

TJ: Como foi a pesquisa e o que você descobriu?
IM: Fui atrás de livros de historiadores, jornalistas e pesquisadores, e encontrei pouca coisa – apenas um brasileiro e um alemão contaram essa história. Também busquei documentos dos governos brasileiro e alemão. Consegui também um exemplar raríssimo do próprio livro que os nazistas que participaram da expedição escreveram. Há ainda um documentário sobre a expedição, com o mesmo nome do livro. Além da parte teórica, fiz uma pesquisa prática, percorrendo todos os lugares que eles passaram. O que descobri foi impressionante. A expedição contou com muitos recursos – eles tinham até um hidroavião – e entre suas intenções estavam estabelecer uma base nazista na América do Sul, no lugar onde fica a Guiana Francesa. Depois que voltaram, a guerra estourou, os alemães perderam e não puderam concretizar o projeto.

TJ: Ao refazer o trajeto dos alemães, que dificuldades você encontrou?
IM: Toda a região ainda continua com sua natureza praticamente intocada, ou seja, vi praticamente o mesmo que os alemães presenciaram. Entre as dificuldades, estavam atravessar as quedas da água em canoas contra a correnteza (íamos muito próximos à água, em rios infestados de piranhas). Também levem picadas bem doloridas dos terríveis piuns, um mosquito bem pequeno, cuja picada é bem dolorosa. Além das estradas (todas sem asfalto), que nos fazia pular no carro a cada buraco.

TJ: Como tem sido a recepção do livro?
IM: Quando eu escrevo, quero compartilhar a história e os aprendizados que colhi durante a preparação da obra, mas não me preocupo muito o quanto vai vender e com as críticas. Mas, para minha surpresa, o livro tem vendido muito bem. Nas primeiras semanas após o lançamento, ficou nas primeiras posições nas listas de livros de ficção da Revista Veja e da PublishNews. O mais interessante é que a venda deste livro alavancou a venda das minhas obras anteriores – meus três outros livros também passaram a figurar na lista dos mais vendidos.

Nas Pegadas da Alemoa
Autor: Ilko Minev
Buzz Editora
176 páginas

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