“A ética judaica permeia minha atuação de forma profunda”

Joel Rechtman - Editor Executivo da TJ

Tribuna Judaica: Conte-nos um pouco sobre o desafio de estar à frente de uma Secretaria de Estado tão importante neste momento?
Célia Parnes: Tem sido um desafio enorme pensar em programas e propostas para a parcela mais empobrecida e vulnerável do Estado de São Paulo inteiro. São 645 municípios com particularidades e que exigem distinção nas soluções.

São mulheres, homens, idosos, jovens e crianças de baixa ou nenhuma renda, que precisam de soluções rápidas para questões de segurança alimentar, combate à fome, acolhimento, transferência de renda, inclusão produtiva, emprego e outros.

E isso me traz grande motivação! A urgência me faz buscar alternativas, mais recursos, melhorar a equipe, e conquistar algumas coisas que jamais haviam sido alcançadas. É o caso de novos programas como o Prospera, o Bom prato nove, e tantos outros.

O governador João Doria é experiente, ágil e corajoso na tomada de decisões que tem melhorado muito a vida dos paulistas. E o atual vice-governador, Rodrigo Garcia, que em abril assume o posto principal, conhece o Estado em detalhes. Também tem enorme experiência e tem sido um grande líder.

TJ: Como o aprendizado de tantos anos à frente da Unibes inspira, no seu dia a dia, esta importante missão?
CP: A Unibes, assim como a minha família, foram os dois principais pilares da minha formação na área social. Especificamente na Unibes, essas décadas de atuação voluntária me permitiram conhecer histórias reais e dramáticas e despertaram em mim um inconformismo que me impulsiona.

Mas, mais do que isso, enxerguei o quanto é possível fazer com boa vontade, com interesse genuíno, e com dedicação profissional, apesar de não remunerada. Certamente, foi a grande expansão da Unibes que atraiu a atenção do então prefeito João Doria para o convite ao cargo de secretária de Estado.

Mas, respondendo à pergunta, minhas fontes de inspiração foram as pessoas que me antecederam na Unibes, e as pessoas mais generosas que eu conheço. A lista é grande. Mas sempre fiquei atenta para perceber ao redor de mim quem eram as melhores índoles. Continuo conhecendo e colecionando amigos e conhecidos que estejam sempre prontos a um gesto, uma palavra, uma ação de filantropia.

TJ: Qual é a importância dos ensinamentos judaicos para uma figura pública neste momento, e como o intercâmbio com a comunidade judaica pode encontrar soluções para uma sociedade mais justa?
CP: Eu estudei no colégio Iavne e certamente isso influenciou demais os meus conhecimentos da ética judaica e de justiça social. Esses temas permeiam minha atuação de forma profunda. Constantemente cito algum ditado, algum ensinamento, alguma lógica judaica durante o dia. Especialmente para pessoas que tem pouco conhecimento da cultura judaica. Os conceitos de justiça social, de respeito ao mais vulnerável, à mulher, ao idoso, àquele que está passando fome, ao que não tem casa… são basilares da assistência social.

Eu tenho uma atuação comunitária há muitos anos. Além da Unibes, atuo também na Fisesp e na Conib, fazendo com que a comunidade e o poder público estejam sempre com um grande caminho de diálogo aberto.

TJ: Você tem aspirações políticas? Mande uma mensagem para a comunidade nesta véspera de Pessach.
CP: Até ser convidada para integrar a Secretaria de Estado, nunca tinha tido aspirações políticas.
Hoje reconheço a musculatura que a gestão pública tem para mover o ponteiro da mobilidade social da população. E a gestão pública tem recursos e capilaridade ímpares. Se bem utilizados, e com propósito correto, São ferramentas realmente eficazes.

Sobre Pessach, lemos a Hagadá todos os anos para não esquecer. No entanto, a cada quatro anos, parece que esquecemos graves erros e em repetidas ocasiões, elegemos maus gestores. Temos que aprender com a lição do passado a não perpetuar histórias que nos escravizam, de alguma forma, como na história de Pessach.

Meu desejo é que Pessach seja um momento de muita doação para os que podem, e de muita fartura para os que mais precisam.

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