Pessach e sua história silenciosa


O intuito principal de Pessach é repassar a história de nossos antepassados para todas as gerações. Uma forma de fazer isso é contando a narrativa da saída da escravidão do Egito para a liberdade.

Mas, no Sêder de Pessach, os alimentos do banquete também contam a história metaforicamente. O primeiro item é o vinho tinto, do Kidush, que nos lembra a escravidão, quando nosso povo sofreu e sangrou.

Mas significa o sangue da liberdade também, quando marcamos nossas portas com o sangue de uma ovelha ou uma cabra, evitando a morte de nossos primogênitos, mas não a dos filhos dos egípcios.

Este foi o ato que terminou nossa escravidão. Então vem o karpaz (geralmente cebola, batata ou salsa) mergulhados em água salgada, que lembra as lágrimas dos escravos e tem associações com a escravidão. Também nosso povo só conquistou mesmo a liberdade depois que a perseguição do Egito acabou com o afogamento de suas tropas no mar, precisamente na água salgada. Em seguida, cortamos a matzá no meio. A matzá foi o pão que nossos escravos comiam, como dizemos no início da Hagadá: “Este é o pão da aflição que nossos ancestrais comiam na terra do Egito …”. Aí, temos as ervas salgadas, que são majoritariamente representadas pela alface, pela doçura de suas folhas e o amargor de seu caule. Mais ainda, aqui, podemos entender que nossa liberdade não é algo trivial, como antigos escravos, devemos sentir o gosto da escravidão para valorizar a liberdade alcançada.

Um outro elemento culinário de nosso Sêder é o charosset. São incontáveis as receitas de charosset. Cada região em que vivemos tem sua receita diferente. Há quem coloque até um pouco da terra de Jerusalém nos ingredientes desta pasta.

O charosset tem uma cor muito semelhante à lama e lembra os tijolos que nossos antepassados fizeram durante seu grande e sofrido período de escravidão. Ao provarmos o charosset, porém, seu sabor é de uma doçura jamais experimentada pelos escravos e, assim, relaciona-se com o gosto da liberdade.

Por fim, ainda temos na Keará o osso e o ovo. Estes elementos, porém, nos remetem ao tempo do Templo. O ovo é o símbolo do sacrifício que ocorria durante os Shalosh Regalim, as três festas de peregrinação, Pessach,
Shavuot e Sucot e o osso lembra as oferendas que nosso povo levava ao Templo na época de Pessach.

Todos estes símbolos têm seu significado metafórico e sua importância visual é um grande reforço à narrativa oral.

A mesa do Sêder se enriquece quando associamos estes alimentos à nossa história, reforçando o sentido de nosso caminho da escravidão à liberdade.

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