Memorial do Holocausto relembra Kristallnacht e Babi-Yar

Sarita Mucinic Sarue – Especial para a TJ

O Memorial do Holocausto realizou a cerimônia presencial em lembrança à Noite dos Cristais – Kristallnacht e aos 80 anos do Massacre de Babi-Yar. O Memorial está situado na primeira sinagoga de São Paulo, denominada “Kehilat Israel”, fundada, em 1912, por imigrantes do leste europeu na Rua da Graça nº160, no bairro do Bom Retiro.

O evento iniciou com uma visita guiada pelo Memorial do Holocausto com as ilustres presenças do cônsul geral de Israel em S.Paulo, Rafael Erdreich, o cônsul de Cultura da Alemanha, Julius Calaminus, o cônsul Honorário da Ucrânia, Jorge Ribka, o cônsul geral da Coreia do Sul, Insang Hwang, do coordenador de Assuntos Políticos do Consulado da Coreia do Sul, Jorge Noh, e do cônsul Honorário da Lituânia, Carlos Levenstein. As educadoras do Memorial, as professoras Sarita Mucinic Sarue e Ilana R. Igliky levaram os convidados uma viagem histórica de volta aos longos anos do regime nazista (1933-1945) e suas trágicas consequências à humanidade, comandado por Adolph Hitler.

Após a emocionante retrospectiva da história do Holocausto foi realizada a cerimônia em lembrança aos dois eventos importantes e tristes da história judaica. O primeiro foi a noite do dia 8 ao 9 de novembro de 1938, quando aconteceu o terrível pogrom chamado Noite dos Cristais, também conhecido como Pogromnacht. Nesta noite aconteceu, um atentado contra os judeus da Alemanha foi perpetrado pelas forças paramilitares das AS e por civis alemães, autorizado pelas autoridades. O nome Kristallnacht deve-se aos milhões de pedaços de vidro que encheram as ruas quando janelas das lojas, edifícios e sinagogas foram quebradas.

O segundo evento foi a lembrança das vítimas de Babi-Yar na Ucrânia. Numa ravina existente em Kiev, aconteceu um dos maiores massacres de judeus em um único lugar durante a Segunda Guerra Mundial. Em setembro de 1941, em apenas dois dias, 34 mil judeus, homens, mulheres, crianças, bebês e idosos foram executados e atirados nas valas. Babi-Yar se tornou o símbolo do cruel assassinato de judeus perpetrados pelos Einsatzgruppen, tropas especiais nazistas para a eliminação das vítimas.

Dov Orni e Margot Rotstein

O evento contou com a presença de líderes da Comunidade Judaica e um público diversificado, incluindo alunos do Ensino Médio da Escola Guaiaúna.

Para compor a noite, estiveram presentes dois sobreviventes do Holocausto: Margot Rotstein, sobrevivente da Noite dos Cristais, e Dov Orni, sobrevivente da Ucrânia, que com suas palavras revelaram a memória da barbárie nazista e emocionaram a todos.

Margot, ainda criança, não se esquece de que seus pais e ela foram acordados no meio da noite com estrondos, explosões, estilhaços de vidraças e labaredas iluminando a madrugada. Foi uma triste visão que tiveram de suas janelas sem saber exatamente o que estaria acontecendo ou os aguardando.

Dov é um herói do nosso tempo, pois lutou corajosamente contra os nazistas e não aceitou o que estava acontecendo aos judeus. Ele nasceu na cidade de Dubno e foi confinado com a família no gueto quando os nazistas invadiram sua cidade. Sua mãe o escondeu num buraco de um armário e foi o que o salvou da morte. Ele conseguiu se esconder na floresta e passou a ser um Partizan, atacando as tropas nazistas.

Foram acesas seis velas em memória ao seis milhões de judeus mortos, incluindo 1,5 milhão de crianças. Foi uma noite de confraternização entre pessoas que desejam o fim desses trágicos episódios da humanidade, trazendo ao mundo mais empatia e menos indiferença. Lembrar o passado para construir um presente e um futuro melhor.
As palavras comoventes de Margot ficaram gravadas na memória dos presentes: “Pelo sentimento que me move, adicionado aos tristes depoimentos que negam a existência e a gravidade do Holocausto, é que faço questão de reforçar e lembrar a todos, principalmente a geração que vem vindo, jamais deixar que esta trágica página da recente história seja apagada, renegada e muito menos esquecida!”

Só para concluir, cito aqui o Rabino Lord Jonathan Sacks: “viver e dar sentido ao seu sofrimento é compromisso de todos os judeus pós-Holocausto”. TJ

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