Hebraica e Unibes recebem Henrique Cymerman

Anita Efraim – Especial para a TJ

Jornalista e correspondente internacional há mais de 25 anos, Henrique Cymerman esteve no Brasil para lançar sua autobiografia. “Conversando com o inimigo: Do Porto a Abu Dhabi via Tel Aviv” relembra as origens de Cymerman, os momentos marcantes da trajetória como jornalista e a experiência que tem vivido ao se envolver nos Acordos de Abraão, que projetam a paz entre Israel e os países do Golfo, além de Marrrocos e Sudão.

O lançamento do livro, uma parceria do Instituto Brasil-Israel (IBI) com a editora Talu Cultural, aconteceu na Hebraica e no teatro da Unibes Cultural. Cymerman contou que a obra é uma forma de deixar um legado. “Eu tenho aquela sensação de que eu mudei a história da minha família. Quando eu anunciei aos meus pais que ficaria em Israel, fiz realmente uma coisa histórica. Hoje eu tenho três filhos em Israel, as próximas gerações provavelmente vão estar em Israel. E eu sinto muita responsabilidade sobre a Israel que vou deixar para as próximas gerações. Tudo que eu faço, incluindo este livro, é parte dessa tentativa de deixar um legado”, afirmou.

Nascido em Portugal e formado em jornalismo em Israel, Cyrmerman teve uma carreira permeada por encontros pessoais com grandes lideranças políticas, como a última entrevista concedida por Yitzhak Rabin, antes que o primeiro-ministro fosse assassinado em 4 de novembro de 1995.

“Eu conhecia bem o Rabin, vi até futebol com ele – ele adorava futebol. E, nesse dia, ele não era o mesmo Rabin”, relembrou. Henrique Cymerman havia sido convidado a ir ao Ministério da Defesa para entrevistar o então primeiro-ministro, na véspera de um ato pela paz, que aconteceria no dia seguinte em Tel Aviv.

“Durante a entrevista, fiz a ele todo tipo de pergunta. Hoje em dia, quando vejo a entrevista de novo, me parece que era uma espécie de resumo. E no fim, perguntei: ‘como deseja ser recordado pela história?’ Por que? Não sei, foi improvisada a pergunta. E ele não respondeu. Disse, em hebraico, gamarnu – ‘acabamos’”, conta. No dia seguinte, Cymerman cobria a manifestação pela paz, quando recebeu de um colega espanhol a confirmação de que Rabin tinha morrido.

Palestra na PUC

Em 2015, o jornalista foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz. Mais tarde, soube que o nome dele havia sido sugerido pelo Papa Francisco. A relação entre os dois é próxima. “Ele me diz: ‘as pessoas me tratam como Deus, e você não’.”

O lançamento do livro aconteceu no Dia Nacional da Liberdade de Imprensa no Brasil. O jornalista aproveitou a data para ressaltar a relevância do ofício na manutenção da democracia. “Proteger a liberdade de imprensa é um dos pilares da democracia; não pode existir uma democracia na qual se persiga jornalistas”, disse. Cymerman relembrou os colegas que perdeu ao longo das coberturas de conflitos que fez pelo mundo, como na Palestina e na Síria.

O jornalista também esteve na PUC-SP, onde conversou com Karina Calandrin, pesquisadora do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (IRI-USP). O foco da conversa foram os Acordos de Abraão e o futuro do Oriente Médio. Cymerman se tornou um entusiasta dos Acordos de Abraão, e acredita que as negociações que selaram a paz entre Israel e Emirados Árabes, Bahrein, Marrocos e Sudão são o melhor caminho – na verdade, o único que restou, posto que os demais fracassaram – para se chegar, enfim, à paz entre israelenses e palestinos. TJ

Powered by WP Bannerize

Powered by WP Bannerize

Powered by WP Bannerize

Powered by WP Bannerize

Powered by WP Bannerize