Fisesp e Universidade de Haifa apresentam Orna Barbivai

Iza Rapler – Especial para a TJ

Como no Brasil, as questões de gênero fazem parte da sociedade israelense, daí a oportunidade do tema do encontro “Conexão Mulher Brasil-Israel” e o convite feito a Orna Barbivai, a única mulher a ocupar o posto de general nas Forças de Defesa do Estado de Israel-IDF.

Abriram o evento Avi Gelberg, presidente dos Amigos da Universidade de Haifa, e Luiz Kignel presidente da Fisesp. Em seguida, foi apresentada a equipe diretiva do Grupo de Liderança e Networking, liderado por Elisa Nigri Griner, que destacou o propósito de desenvolver mulheres agentes da transformação como diretriz deste braço do Grupo de Empoderamento e Liderança Feminina (ELF) da Fisesp, criado por Miriam Vasserman. Coube a Vera Grytz apresentar e agradecer ao mediador da tarde, André Wajnberg, e à tradutora Ayala Kalnick Band. A live foi realizada em parceria com a Universidade de Haifa, a Divisão Feminina do Fundo Comunitário e a Hebraica.

“Toda mulher e todo homem têm a opção de escolher seu modo de vida, como desenvolver seu potencial”, disse Orna. Seu pai é romeno e sua mãe saiu do Iraque nos anos 1950, de uma família pobre, criou sete filhos em Afula, cidade do norte de Israel, onde mora até hoje. “Nasci em Ramla, também no norte”, contou, “e, hoje, mãe de três filhos, avó de quatro netas, moro em Tel Aviv, porém minha base é sempre em casa. Minha mãe, aos 83 anos, é a mulher mais sábia que conheço. Ela me dizia: ‘Olhe para o outro e veja como pode ajudar’”.

Em 1981, aos 18 anos, Orna ingressou nas Forças de Defesa de Israel. “Lá, não importa quem você é, de onde você vem, homens e mulheres, todos têm seu espaço e lá dão a chance ao jovem de ter sucesso e chegar a lugares que eu não imaginava alcançar. É o exército do povo, toda pessoa tem sua oportunidade, porém o diferencial é como se dá essa oportunidade. É uma honra participar. No hino da corporação cantamos ‘ser um povo livre em nossa terra’, o que me emociona sempre.”

Nessa época, por onde passava, Orna ouvia que era sempre a primeira a chegar. “Eu respondia que estava lá não por ser mulher, mas por ser tão competente quanto os homens. Quero ser tratada igualmente e eles entendiam que se a Orna podia fazer, por que não todas as mulheres… A maioria das mulheres fazia serviços internos, de escritório, atualmente, as IDF amadureceram. Estamos em todas as áreas, na infantaria, na força aérea, as mulheres desempenham posições de comando e liderança e levam essa experiência para a vida civil. Os homens é que precisam lidar com essa realidade.” Seguindo essa mentalidade, passo a passo, Orna alcançou, em 2011, a patente de primeira general das IDF.

Em 2014, Orna encerrou sua carreira nas IDF e se juntou a um grupo empresarial, direcionando seu conhecimento para trabalhos sociais na busca de soluções para grandes problemas. Uma delas foi a criação de um projeto visando a redução do número de infecções hospitalares nas unidades de atendimento, envolvendo todos os funcionários, “da pessoa que passa a vassoura embaixo da cama do paciente até o cirurgião, conseguimos, em um ano e meio, reduzir os casos para 50%. Podemos superar qualquer desafio atuando como um grupo com compaixão, visão e liderança”, explicou.

Em 2019, Orna tornou-se membro do partido Yesh Atid (Há Futuro), a segunda maior força política de Israel, e uma das mulheres mais influentes do país, ao ser eleita a vice-presidente do Parlamento. Falando da quarta eleição para primeiro-ministro em dois anos, ela mencionou a existência de dois lados na política israelense: os defensores de um Estado laico e aqueles que defendem a forte presença da religião nas leis do país. “Israel deve ser uma pátria judaica, um país democrático. O judaísmo não impede a democracia e é preciso haver justiça e igualdade para todos os cidadãos”.

Ao término de sua explanação, Orna respondeu a várias perguntas.

“Como é a inclusão de mulheres em lugares-chave, o que tem lá que não tem aqui?”, perguntou Mariza de Aizenstein. Orna deu como exemplo a divisão do número de cadeiras na Knesset: “Somos 20 deputadas, precisamos ser 60 para estarmos em pé de igualdade. Não posso me dar por satisfeita quando ainda temos a diferença salarial entre homens e mulheres que desempenham a mesma função”.

O fato de Israel ser um país que oferece, cada vez mais, profissões tecnológicas também é um aspecto que influi na questão de gênero. “As mulheres podem participar, elas trazem conexões muito grandes, mesmo as ortodoxas, hoje, fazem coisas fantásticas no mundo high-tech. Temos educação, treinamento. Me orgulho de ter estudado na Universidade de Haifa, estudamos todos juntos, mas ainda temos que fazer mais. A educação é a solução, não existe nada contra a Torá. Precisamos olhar para a área que queremos avançar, precisamos de educação. Israel faz um esforço nas universidades para a formação de todos, indistintamente, sejam laicos, árabes, ortodoxos.”

Neste século 21, no qual as mulheres se posicionam e defendem seus interesses cada vez mais, Orna é uma inspiração para dias melhores.

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